sexta-feira, 3 de outubro de 2008

XV – O Diabo


Abordagem Visual

Vemos um bode com longos cornos espiralados que ri, posicionado no centro de um pênis, onde vários seres estão nos testículos, como sêmen. Algumas estruturas que parecem teias de aranha acinzentadas estão ao redor, sobre um fundo rosa. Dentre todos os tarots que estudo, esta representação do Diabo é a mais leve e lúdica.

Mitologia e Tipologia


Porque o Bode sempre é o Diabo? Talvez venha da tradição judaico cristã, ainda á época de Levítico, onde Aarão oferecia bodes para a expiação dos pecados a seu Jeová. E então lembrei da expressão bode expiatório, que vem desta época também mas que é atualizada sempre que colocamos a culpa de nossos atos em outrem. O deus dos cristãos faz isso, por exemplo, quando lhe inquirem quem chacinou centenas de milhares de mulheres e crianças em Ruanda ou os judeus na segunda guerra. A culpa sempre é do Mal, do Outro, Aquele Inominável. Um paralelo atual é quando perguntam a Bush qual a causa da crise americana e quase conseguimos vê-lo apontando o dedo ao que ele já chamou de bode barbudo muçulmano, assim obviamente se eximindo de qualquer responsabilidade governamental. Quem é o Anticristo mesmo?

Nesta carta temos o bode em sua forma animal, sendo que nos outros tarots, como em Greene, podemos ver o deus grego Pan, que era ligado aos mistérios de Dionísio. Deus também dos cultos pastorais, meio animal meio homem, sempre barbudo e com seus cascos brilhantes, tinha uma fome sexual insaciável, sendo inclusive o inventor da masturbação. Também tem relação com o deus egípcio Set, assumindo então a forma de uma serpente ou crocodilo, e ainda com Tiamat, deusa babilônica do caos, que asumia a forma de um pássaro armado de chifres e garras.

Aqui vale a pena examinarmos Lúcifer, o Anjo Caído, Anjo Maldito ou o Lado Negro da Força como arquétipo principal desta lâmina. Eu adoro a passagem bíblica do pecado original, onde Eva come a maçã oferecida pela serpente malévola sem que seu consorte dorminhoco, Adão, saiba. Após, Deus o inquire, e o homem aponta o dedo a ela, dizendo: - Mas, Senhor, ela me obrigou!!! (mulher, bode expiatório da expulsão do paraíso!).

Este Diabo que dá o fruto não é mau, ele nos dá o conhecimento, ou seja, o livre-arbítrio, a passagem do mundo uterino paradisíaco para o Mundo Real, onde temos que Ser. E convenhamos, é Deus quem primeiro aponta para o fruto proibido, ele sabe que que o homem vai arriscar, mas ele quer este ato, pois só assim o homem, sua criação, pode se tornar o iniciador de sua própria vida, a partir de sua própria escolha. É o nosso primeiro ato de desobediência libertadora... Michel Onfré comenta que ‘ Satã, o oponente, o acusador, sopra o espírito de liberdade sobre as águas sujas do mundo das origens em que triunfa unicamente a obediência – reino da servidão máxima. Devolve aos homens seu poder sobre si mesmos e sobre o mundo, livra-os de toda a tutela (divina)’. Ou como disse Sartre, estamos ‘ condenados a ser livres.’

Começamos a entender também o conceito Junguiano de sombra, pois, se somos livres, na proporção que a vida do homem se torna mais consciente e civilizada, sua natureza animal e instintual se fortalece, em resumo: quanto maior a luz, maior a sombra. Vemos em Isaías, que Jeová tinha estes opostos integrados, quando ele fala: ‘ Eu sou o Senhor e não há mais ninguém. Formo a luz e crio a escuridão, faço a Paz e crio o Mal, Eu, Senhor, faço todas estas coisas’ . Temos em nós o mal e o bem, e a lâmina quinze, não por acaso entre a Temperança e a Torre diz que, para não deixar ruir a nossa estrutura, devemos exercitar a nossa libido e instintos de forma saudável e consciente, equilibrada, temperada, pois é sabido que quando os aspectos negativos de nós mesmos não forem reconhecidos como nossos, realizados, vão agir contra nós no exterior.




Pra finalizar, gostaria de complementar com a abordagem de Valéria Fernandes sobre esta carta: ‘Desde os tempos longínquos criamos seres para adorarmos e seres para repelirmos, o que se faz necessário em virtude de termos esses dois lados dentro de nós, muito embora seja difícil admitir quando somos levados por nosso “eu antagônico” perante toda uma sociedade. A carta do Diabo expressa nossos excessos, nossas ambições desmedidas, nossa falta de moral, nossos desejos reprimidos, nossos medos e nossos segredos inescrupulosos, ou seja, todo lado obscuro pertencente ao ser humano.’ E finaliza: ‘E a não aceitação de si mesmo, a vergonha de ser o que é ou de estar fazendo algo que não se pode afirmar ser consenso social, também está implícito nessa carta.’


Cabala: Ayin – Olho. O lado mais material das coisas.

Astrologia: Capricórnio, regido por Saturno.


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XIV – A Temperança, o Equilíbrio, a Arte.


Abordagem Visual

Uma figura feminina vestida de verde, com duas cabeças (homem e mulher?), realizando o que seria uma mistura alquímica (água e fogo) em um caldeirão dourado. Sob a cabeça dela pendem duas luas crescentes, em seu peito há muitos seios e a parte superior de seu corpo está inserida em uma elipse na qual lemos "Visita interiora terrae rectificandoinvenies occultum lapidem"(Visita o interior da terra e, retificando, encontrarás a pedra oculta ). Ao lado dele um leão branco e uma águia vermelha. Que parecem estar a vontade, mesmo estando sob um piso onde sobem labaredas de fogo.


Mitologia e Tipologia


O que está muito claro nesta lâmina é a união dos opostos, de forma interna e externa. Se a dividirmos ao meio, de cada lado veremos símbolos complementares. E o gesto da figura alude claramente á destilação, purificação, ou em última análise, á Alquimia. No baralho de Marselha isso está óbvio, pois lá ela passa de um recipiente para outro um líquido ondulante que inalterado, não perde uma gota sequer. Para os gregos, este gesto – o de derramar o que há num vaso em outro – é tomado como sínônimo de metempsicose. Segundo Chevalier, é interessante notar que a origem desta lâmina está na Força e seu complemento é a Justiça, o seja, esta é a quarta virtude cardeal e, estando entre a Morte e o Diabo, ela nos avisa da grande lei da eterna circulação dos fluidos vitais e a necessidade de mantermos o equilíbrio interior entre os dois pólos de nosso ser.

A própria origem da palavra Temperança nos fala muito: temperantia, em latim significa moderado, sem excessos, clean.

Gosto muito da analogia desta carta com Diana Sagitária (Ártemis), filha de Zeus e irmã de Apolo. Ela era detentora da sabedoria instintiva, que, ao não seguir um plano lógico, relaciona-se com os ciclos da Natureza, onde nascer, crescer, reproduzir-se e morrer se alternam, expressando a renovação de todas as coisas. Como arquétipo da Virgem (pedido feito a seu pai aos 3 anos de idade), ela não tomou a maternidade como condição precípua da feminilidade, tornando-se então a figura andrógina que vemos na lâmina. A caçadora divina, como era chamada, persegue e mata os seres inconscientes de sua natureza instintiva e esquecidos da busca de si mesmos. Sempre bela, trajando saias curtas (liberdade de movimentos), levando seu arco e flechas sempre certeiros (sagitária, atingindo o alvo, que é o conhecimento)porta a tocha acesa em uma de suas mãos e a Lua Crescente em sua cabeça, representando desta forma, a Consciência do Feminino. O arquétipo de Ártemis, se levado ao exptremo negativo, no nível psicológico pode ocasionar comportamentos rígidos, preconceitos, dificultando assim a transmutação necessária ao processo de individuação.

Já Greene a vincula a Íris, que segundo Hesíodo em sua Teogonia, a apresentava como filha de Taumante e Electra. Mensageira dos deuses, e correspondente feminina de Hermes, simboliza o arco-íris, que nada mais é do que a ligação entre o céu e a terra, entre os deuses e os homens. E é interessante esta corrrespondência no baralho mitológico, pois o seu oposto complementar é a Justiça, no caso, Athená. Sentimento versus pensamento ou ainda, uma serve ao pai e outra á mãe internos de cada um, ou seja, a Temperança é o equilíbrio de cada uma destas forças, a catalisadora.


Cabala: Samekh - Suporte, fundamento.

Astrologia: Sagitário - Força que impele na direção do Supremo.


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quarta-feira, 17 de setembro de 2008

XIII – A Morte, a Transformação


Abordagem Visual

Um esqueleto escuro, com um capacete egípcio, empunhando uma foice contra um céu (?) povoado por figuras azuis, etéreas, representando um peixe, uma cobra, uma humana silhueta, um escorpião, uma águia e ainda, flores de lótus e lírios murchos.


Mitologia e Tipologia

Dois elementos saltam para a análise aqui: o esqueleto dervixe, que empunha uma foice bem afiada. Antes de começar a tratar dos aspectos mitológicos, é interessante ressaltar que Vassel percebeu que esta carta, na ordem do baralho, faz um corte entre os arquétipos inferiores e superiores, ou seja, entre os valores mundanos e os espirituais. Lembro que ela vem após o Enforcado, falando então que, aceita a pena capital imposta, ocorre a transformação anímica que tanto esperamos. O Enforcado é salvo pela Morte. Wirth diz que o profano deve morrer para que renasça á vida superior conferida pela Iniciação e Goethe nos lembra que ‘Enquanto não morreres e não tornares a levantar-te, serás um estranho para a terra escura’.

O aqui esqueleto simboliza então aquele que atravessou a fronteira despojado de suas carnes (o conhecido) e que, pela morte, penetrou no além (no conhecimento). Ele dança, e parece que ri da situação! Na Grécia, Mercúrio era representado como um esqueleto, pois era o deus psicopompo que tinha o privilégio de descer aos infernos e voltar, levando a alma dos defuntos.

A foice é a arma deste dervixe e também de Saturno, que ceifava tudo que era vivo, incluam aí seus filhos. Ela lembra a forma da lua crescente de Ártemis, oferecendo então um band-aid regenerativo e renovador após o profundo corte da lâmina.

Interessante notar que na Astrologia este planeta é chamado de o Grande Maléfico, encarnando o princípio da concentração, da rigidez, da fixação, do controle, simbolizando as paradas, a carência, a impotência... No organismo, ele fixa exatamente a estrutura óssea! Psicologicamente há um termo interessante denominado Complexo Saturnino, que é a recusa de perder aquilo a que nos ligamos sucessivamente durante a vida, que pode levar a a uma exasperação da avidez sob várias formas (anorexia, bulimia, ambição monetária, fria erudição...).

O esqueleto aqui está em movimento e parece ser feito de pedra – simboliza nossa realidade, nossa estrutura articulada, tanto interna quanto social. A nossa parte mais resistente, pois todo o resto apodrece rápido. Eles que ficam para contar a estória de nossas vidas. Este esqueleto aqui expõe sua nudez, de forma caricata até porque ele não teme a chacota, não teme mais nada. Ele tem orgulho de poder rir na nossa cara, porque nós é que ainda nos escondemos!

A expressão ‘todos temos um esqueleto no armário’ diz respeito a que todos temos algo secreto que nos envergonha e magoa profundamente, que guardamos trancado com mil cadeados dentro de um local inominável. Pode ser algo concreto que aconteceu conosco, na nossa família, mas geralmente é algo interno, aquilo que ‘ eu não posso sentir porque serei má’ ou ‘ que não posso fazer porque serei tachada de louca’. Nossos medos e inseguranças, nossas vestes de Glauce. E a foice é o julgamento dos outros, que nem se importam, pois também tem seus fantasmas... Isso nos fala em outro nível da nossa resistência em tornar conhecidas as nossas fraquezas, dando espaço para que, compreendidas e expostas, possam talvez se fortalecer. Mas para isso eu preciso domar minha Força interna, largar de mão o orgulho, desapegar-me de coisas concretas muitas vezes, dar adeus a pessoas e livrar-me das cascas persona.

Como seria se de repente ganhássemos uma viagem a um paraíso tropical, onde tivéssemos apenas a possibilidade de levarmos uma pequena mala de mão? A melhor maneira de nos prepararmos para uma prazerosa jornada (no caso, nossa vida), de duração infindável (sim, porque não sabemos quando será a nossa Passagem de volta) a um paraíso desconhecido (e que mais a Terra é?) seria livrar-mo-nos de todas as bagagens desnecessárias. O que, de meus pertences concretos e simbólicos é essencial? Um exercício interessante que aprendi com Charles Watson, foi o de perguntar-me sempre, no caso de dúvidas sobre a minha arte ou minha vida se á minha Morte isso importa.

- Morte, dona da Vida, isso faz sentido para ti? Isso é relevante para o teu Julgamento sobre como vivi? O que de mim realmente fez sentido e fez a diferença?

Mudar é a ordem da Morte! Não como um Louco, ao prazer dos ventos e as custas do mundo, mas com a responsabilidade e discernimento individuais que os momentos de introspecção do Enforcado me permitiram desenvolver. O Imutável é a Mutação, afirmou o Tao. A mudança é sim a base da estabilidade, porque o que muda, se adapta e permanece, mas o que tenta, como uma árvore centenária, se manter imóvel, se quebra ou é atingido pelo raio da Torre algum dia... As pessoas que seguem o fluxo externo são estas árvores. Elas simplesmente vão e não sabem de onde nem para onde, porque elas estão mortas internamente.

A Morte vem todos os dias nos inquirir se estamos felizes com a Vida. E ela disse para o Enforcado: ‘ Não desejar viver é sinônimo de não querer morrer. Vir e deixar de existir são a mesma curva. Quem quer que não acompanhe esta curva permanece suspenso no ar e fica paralisado.(Jung) ‘ Diz a lenda que o Enforcado saiu da cruz rapidinho..

Para finalizar, lembrei de uma passagem de um filme de Visconti, o famoso Il Gattopardo, onde em certo momento o Conde, personagem principal, diz ao seu futuro genro: “ As coisas tem que mudar para que permaneçam as mesmas.’

Esta é a Lei.


Cabala: Nun – Peixe.

Astrologia: Escorpião - Transformação, morte e nascimento.

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sábado, 13 de setembro de 2008

XII – O Enforcado, a Prudência


Abordagem Visual

Num ambiente em tons frios de azul e verde, com um fundo formado por uma grade azul quadriculada, pende uma figura nua de cabeça para baixo, presa pelo pé esquerdo numa cruz egípcia (ankh), com as pernas cruzadas formando o número quatro. Seus braços estão formando um triângulo e abaixo deste há uma grande serpente preta. Notar que seus membros encontram-se presos nesta grade sob círculos verdes através de pregos, numa alusão a crucificação cristã.


Mitologia e Tipologia

Além do homem nu, impávido, diria em estado meditativo, que é o motivo central da lâmina dois elementos chamam a atenção: a cruz egípcia acima e a serpente abaixo de seu corpo.

Geralmente o deus-salvador da maior parte das religiões está associado ao arquétipo do Enforcado: Jesus crucificado na cruz, Odin pendurado no freixo, Osíris retalhado e encaixotado, Prometeu acorrentado, Baal comendo lama. Mais sorte tiveram Buda, Thot e Quetzalcoatl, mas isso é outra estória... Nosso herói aqui está suspenso entre os dois pólos de sua existência, simbolizados pela Ankh e a serpente negra. Em total isolamento, talvez se sobreviver a este penduramento ritual poderá encontrar um novo caminho, até então desconhecido. Suas mãos e pés estão fortemente presos, o que nos fala que nada poderá fazer, a não ser talvez rezar e aguardar um salvamento. Jung fala que quando estamos abandonados á nossa sorte, nos sentindo talvez traídos e friamente sós, é nesse momento que ‘... descobrimos o que nos sustenta quando já não podemos nos sustentar. Somente esta experiência poderá nos dar uma base indestrutível’. O pé esquerdo (inconsciente) do homem é fixo á cruz por uma serpente e aqui ele pode ser interpretado como a força da alma, no sentido de ser ele o suporte da nossa posição vertical.

A cruz Ankh ou nó mágico é um signo que exprime a conciliação dos contrários, integração dos princípios ativos e passivo. Nas mãos dos mortais ela fala do desejo de uma eternidade venturosa, e segundo Cham, ...’ ela figura o estado de transe, no qual se debatia o iniciado; mais exatamente ela representa o estado de morto, a crucificação do eleito (!) e em certos templos o iniciado era deitado pelos sacerdotes num leito em forma de cruz. ‘ E ainda: ‘ Aquele que possuísse a chave geométrica dos mistérios esotéricos sabia abrir as portas do mundo dos mortos e podia penetrar o sentido oculto da vida’. Quando colocado na fronte dos faraós este símbolo era para lhes conferir a visão da eternidade para além dos obstáculos ainda a vencer. A serpente negra abaixo de sua cabeça pode ser a psique inferior, o psiquismo obscuro, o que é raro, compreensível e misterioso. É um dos mais importantes arquétipos da alma humana.

Estes dois símbolos e sua atuação no arquétipo do Enforcado são muito bem unificados num relato de Weir Perry acerca de um episódio esquizofrênico, descrito em Nichols: ‘ Mercê da ativação do insconsciente e do colapso do ego, a consciência é dominada pelos níveis profundos da psique e o indivíduo se vê vivendo uma modalidade psíquica muto diferente do seu meio. Sente-se isolado porque não encontra compreensão deste mundo por parte dos que o cercam. O medo da opressão e do isolamento produz uma onda de pânico, qe o impele para um afastamento agudo’.

Oras, quem é o enforcado? Somos nós, sempre que absortos por paixões, tiranizados por idéias alheias e sentimentos arrebatadores não temos consciência desta escravidão. Mas, neste momento, de inatividade introspectiva, submissos ao destino ou deliberadamente dispostos a entrarmos ‘para dentro’ encontramos um momento de salvação, que poderá se prolongar caso aceitemos o não-movimento e a resoluta imobilidade. Aceitando o que as moiras nos trouxerem, entregando nosso ego a um poder superior, nos deixamos levar para sermos encontrados! O nada-fazer, contemplativo e meditativo da Sacerdotisa aqui é manifestado, muito atuante, inclusive fisicamente, como atestam os os yogues, na posição onde erguidos pela cabeça e com os braços apoiados no chão buscam uma maior concentração intelectual através de uma regeneração e de uma circulação de forças de baixo para cima.

Prometeu está como figura central em Greene e, aqui ele é o herói que criou o primeiro homem usando o barro, sendo um grande benfeitor da raça humana. Quando Zeus oprimiu os homens e os livrou do fogo, Prometeu o devolveu aos homens e lhes ensinou várias artes. Foi punido por esta rebeldia sendo acorrentado por Hefesto a mando de Zeus, em uma rocha inacessível no monte Caucáso, onde diariamente uma grande águia vinha bicar-lhe o fígado. Sendo ele imortal, este se refazia a noite, tornando sua punição terrível pelas dores atrozes. Foi salvo um bom tempo depois em troca da imortalidade de oferecida a Quíron, o curador. Este mito marca o advento da consciência, o aparecimento do homem, e a ave bicando o fígado simboliza a culpa reprimida e não expiada. Entra aqui também, como ilustração ao arquétipo em pauta, o Mito de Prometeu, que nada mais é do que a vontade de intelectualidade acima dos deuses, no caso, dos pais, da sociedade, dos professores, que, se levada aos extremos, pode crucificar o indivíduo na árvore do conhecimento para sempre. Porque aqui o espírito estará sendo utilizado não por si mesmo, para a espiritualização progressiva de si, mas com fins apenas de satisfação pessoal. Então, vem o Universo e dá uma rasteira no sujeito, imobilizando-o, para que ele perceba que não pode ser mais do que a Consciência Una.

A escolha da liberdade do rochedo por méritos positivos está ao alcance de todos. Conscientemente, com aceitação do sacrifício e muita paciência, apenas.

Cabala: Mem - Água.

Astrologia: Elemento Água - Entrega, espiritualidade.

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quinta-feira, 11 de setembro de 2008

O Destino e suas Moiras

"O livre-arbítrio é a capacidade de fazer com alegria aquilo que eu devo fazer."

C. G. Jung

Abrirei espaço para um post mais intimista, dada a importância e relevância do assunto face ao objetivo deste blog. Segundo Jung, a sincronicidade é a coincidência, no tempo, de dois ou vários eventos, sem relação causal mas com o mesmo conteúdo significativo. Ele diz que “a ligação entre os acontecimentos, em determinadas circunstâncias, pode ser de natureza diferente da ligação causal e exige um outro princípio de explicação”.

Ao reler a postagem sobre a Fortuna percebi que havia esquecido de comentar sobre o mito que Liz Greene convidara para fazer parte, no caso, as Moiras. Assim, enquanto refletia e pesquisava para anexar ao mesmo os detalhes mitológicos da Ruotta della Fortuna através de outras fontes, recebi de um querido amigo que aqui chamarei de Mr.Sincrônico (visto que sempre, de um jeito ou outro, entra em contato justamente me presenteando com aquilo que minha´lma está demandando no momento), o livro da Liz Greene ‘ A ASTROLOGIA DO DESTINO’. Qual não foi minha surpresa quando na primeira parte encontro um capítulo nteiro dedicado ás irmãs tecelãs do Destino. Assim, recomendo a leitura do mesmo e para ilustrar transcrevo três parágrafos que achei interessantes e condizentes com o que eu queria comentar sobre a lâmina de número dez. Vejamos:

Filhas de Nyx, a deusa da Noite, ou de Erda, a Mãe Terra, elas são chamadas Moiras ou Erínias ou Nornas ou Hécate de três faces, assim como são três em forma e aspecto as três fases lunares. A promissora fase crescente, a fértil cheia e a sinistra fase minguante da Lua representam, na imagem mítica, os três aspectos da mulher: a solteira, a esposa fértil e a anciã estéril. Cloto tece o fio, Láquesis medem e Átropos corta-o, e os próprios deuses estão limitados por essas três, por terem sido originados da incipiente Mãe Noite, antes que Zeus e Apolo trouxessem dos céus a revelação do eterno e incorruptível espírito humano. A roda (do universo) gira sobre os joelhos da Necessidade e, na parte superior de cada circulo, se encontra uma sereia, que gira com eles, entoando uma só nota ou tom. As oito juntas formam um todo harmônico e, em volta, em intervalos iguais,há um outro grupo de três sereias, cada qual sentada no seu trono: do as Parcas, filhas da Necessidade, que vestem túnicas brancas e usam uma coroa na cabeça.

Antes que a filosofia surgisse, os gregos tinham uma teoria ou opinião a respeito do universo, que pode ser chamada de religiosa ou ética. De acordo com essa teoria, cada pessoa e cada coisa possuía seu lugar ou função designados. Isso não depende da sanção de Zeus, pois ele próprio está sujeito ao mesmo tipo de lei que governa os outros... Os temas da lei natural e da transgressão dos limite; impostos pelo destino poderiam encher, e realmente enchem, volumes de drama, poesia e ficção, sem falar da filosofia. Parece que nós, criaturas humanas curiosas, sempre estivemos preocupados com a difícil questão de saber qual o nosso papel no cosmo: somos predestinados, ou somos livres? Ou estamos fadados a procurar por nossa liberdade, apenas para fracassar? Será melhor, como fizeram Édipo e Prometeu, lutar até os limites extremos de que se é capaz, mesmo que isso provoque um fim trágico, ou será mais sensato viver moderadamente, portar-se com humildade diante dos deuses e morrer com tranqüilidade em seu próprio leito, sem jamais ter provado a glória ou o terror dessa imperdoável transgressão?

Estamos tratando aqui de uma espécie muito particular de destino, que na realidade não diz respeito à predestinação, no sentido comum. Esse destino, que os gregos chamavam Moira, é o "servo da justiça": o que contrabalança ou pune os desvios com relação às leis do desenvolvimento natural. Esse destino pune o transgressor dos limites fixados pela Necessidade. Os deuses têm suas províncias por concessão impessoal de Láquesis ou Moira. O mundo, de fato, era desde os primeiros tempos considerado como o reino do Destino e da Lei. Necessidade e Justiça — "necessidade" e "dever" — encontram-se juntas nesta noção primária de Ordem - uma noção que para a representação religiosa grega é elementar e enigmática.

XI – A Volúpia, Força, Luxúria, Persuasão


Abordagem Visual

Uma carta em tons quentes, onde uma mulher nua cavalga languidamente uma criatura de sete cabeças que lembra um leão, por suas patas. Na mão esquerda ela tem as rédeas enquanto segura com a direita o que pode ser um útero. Ele é o divisor dos ambientes; pois acima da linha, com ele, vemos dezenas de serpentes-espermatozóides. Abaixo dela, ao fundo, vemos faces, mãos e partes de corpos na cor violeta.

Mitologia e Tipologia

São dois os elementos que aqui demandam uma interessante análise: a criatura leonina que a mulher nua cavalga e o útero rodeado de serpentes, como um cálice.

O leão entre os animais – Krishna, o leão dos Shakya – Buda e o leão de Judá – Cristo, é garantia do poder material e espiritual, servindo muitas vezes inclusive de montaria a algumas divindades. Poderoso, solar, encarnação do Poder, Sabedoria e Justiça, pode também estar pleno de Hybris e Confiança. Aqui vale a analogia com a astrologia, que denomina o período do meio do verão no hemisfério norte, caracterizado pelos raios quentes do Sol (seu regente, inclusive), como regido pelo signo de Leão. Seu elemento é o fogo e a este tipo zodiacal, digamos, corresponde uma natureza forte, apaixonada, hercúlea. Aqui na lâmina, o leão é domado pela vesta – feito heróico – representando então a força moral, a bravura que domina as adversidades, a liberdade de ação e a confiança em si mesmo.

Ele está subjugado aqui porque não podemos deixar nosso animal interior ás nossas costas - a mulher nua (despida das vestes da sociedade, do valor imposto ) o cavalga, ou seja, é é a vitória do espírito livre sobre a matéria que significa não uma destruição, mas uma sublimação dos instintos, ou seja, quanto mais pudermos trazer para a luz nossas pulsões destrutivas, menos estaremos compelidos a nossa auto-destruição, através das raivas manifestadas em nossos corpos através de doenças psicossomáticas, brigas diretas que podem evoluir até para guerras sociais... Nosso instinto não pode ter livre-arbítrio pois dado este poder, ele poderá voltar-se contra nós. E aqui o papel de guia é uma mulher, o inconsciente, que parece ser muito íntima, conhecida deste ser leonino, afinal, está nua e á vontade sobre ele. Em Marselha a mulher está abrindo/fechando a boca do leão, numa aproximação tranquila, ambos estão á vontade, em uma quase-dança. A lição aqui é clara: temos que encontrar um jeito – delicadamente – de caminhar lado a lado com a nossa natureza animal em pacífica amizade e companheirismo. Apenas aceitando a nossa alma animal, como disse Jaffé, estamos na condição da totalidade e de uma vida plenamente vivida.

E não é por acaso que a nossa sensual mulher também sustenta um útero, prestes a ser fecundado pelas serpentes-espermatozóides. A energia animal, natural, integrada de forma saudável em sua espiritualidade e intelecto, é então orientada á criação, que pode ser tanto pontual, materializada em uma nova vida, um novo projeto, um novo relacionamento ou pessoal e íntima, na nossa própria transcendência.

Liz Greene já coloca Hércules como persona central, juntamente com seu leão de Neméia, sua primeira façanha. Conta o mito que ele se submeteu a estes 12 trabalhos para expiar os assassínios cometidos durante o acesso de loucuras provocado por Hera. Este leão era um monstro invulnerável, irmão da Esfinge, que devorava os habitantes e seus rebanhos. Hércules não conseguiu aniquilá-lo com suas flechas e então entrou em sua caverna e lá, com as próprias mãos, segurando-o pelo pescoço, o estrangulou. Penso que aqui matar definitivamente nosso leão interno não é a melhor saída, pois reprimindo assim nosso lado animal, sem transformá-lo, viveremos sem paixão, sem raiva – necessária – e sem uma identidade verdadeira. Cordeiros mansos, autômatos, mas então cheios de pulsões neuróticas...

No Oriente, o leão tem profundas afinidades com o dragão, com o qual muitas vezes se identifica, desempenhando uma proteção contra as entidades maléficas. Por esta razão, em função da caverna acima e desta analogia, lembrei-me de uma passagem de o Poder do Mito onde Joseph Campbell comenta que o dragão é o atrelamento de si ao seu ego. Ou seja, estamos assim aprisionados em nossa própria caverna de dragão e o objetivo de uma análise profunda é desintegrar este ser para que possamos nos expandir num campo maior de relacionamentos. O último dragão, segundo ele, é o nosso ego. E quem ele é? Oras, é o que achamos que queremos, o que achamos que podemos enfrentar, o que decidimos amar, aquilo a que nos julgamos ligados. Pode ser tudo muito pequeno, e então, nosso ego nos manterá lá embaixo. E se fizermos o que nossos vizinhos, nossos imperadores, papas e imperatrizes disserem, o rebaixamento será maior. O dragão oriental é jubiloso, ruge, é cintilante, rico. O ocidental ao qual estamos relacionados arquetipicamente é sovina: guarda tudo que acha que tem valor dentro da sua caverna úmida. Mas não sabe o que fazer com isso, pois é...um dragão. Guarda, acumula, parasita e fere os incautos com sua língua em brasa e seu vômito quente. Não vive e tampouco doa, é um vampiro. Como sair desta encrenca? Cada um de nós terá a sua resposta, mas a que tenho tatuada em minhas costas diz apenas: follow your bliss. Ou como respondeu Campbell á pergunta de Moyers, sobre como fazer para destruir o dragão dentro de si: ‘ Persiga a sua bem-aventurança. Descubra onde ela está e não tenha medo de segui-la’.

Porque ao fim, ao salvarmos a nós mesmos, salvamos o mundo!

Cabala: Theth – Cobra.

Astrologia: Leão - Alegria de viver, vitalidade, coragem.

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terça-feira, 2 de setembro de 2008

X – A Roda da Fortuna, o Destino

Abordagem Visual

A amarela roda búdica, central, em contraste com o fundo violeta da carta, juntamente com os raios e os três animais bizarros presos (?) a mesma dão o tom desta lâmina. Ao fundo, meio apagado, há um triângulo de onde saem os raios ondulados que preenchem o espaço e acima um círculo onde as estrelas parecem pousar.

Mitologia e Tipologia

Temos três símbolos relevantes aqui: a roda, os três animais e os raios de Júpiter romano, ou Zeus grego.

Sempre tida como símbolo do deslocamento, da libertação das condições de lugar e do estado espiritual, dos ciclos e seus reinícios, das renovações, a roda sempre é um símbolo solar, em todas as tradições. Harris a desenha aqui como a roda que o Buda coloca em movimento, ou seja, a *Roda da Lei, o dharmachakra – a lei do destino humano, que porque assim é, não existe nenhum outro poder que seja capaz de inverter o sentido de rotação dela... Nesta linha de pensamento, encontramos então a Roda da Existência do Budismo tibetano que nos lembra que as mutações incessantes representam a sucessão dos estados múltiplos do ser: o samsara (fluir com) ou segundo Blavatsky, ‘ a corrente rotatória da existência individual’. Já Nichols a apresenta como sendo ‘ um recipiente que segura toda a natureza dentro de certos limites prescritos e, inversamente, como a própria fonte de energia com a qual podemos conscientemente transcendê-lo.’ Visto como mandala ou rosácea, Jung relacionava este símbolo ao self do homem transposto ao plano cósmico, ou seja, a unidade na totalidade. Centro místico ou cósmico, de qualquer forma, estamos sempre presos a ela. Tortuoso é o caminho da eternidade, já disse Nietzsche...

Aqui os animais, como em quase todos os tarôs de base, denotam tanto a tríade nascimento – envelhecimento – morte como a encarnação dos arquétipos dos animais retratados, aqui então como Anúbis, o deus com cabeça de cão que pesava a alma dos mortos, que ascende, Esfinge ou o arquétipo da mãe negativa, que está no topo e Tífon, deus da destruição/desintegração, que descende. Notar aqui que em Crowley, ao contrário de Marselha, a disposição descida-subida é *diferente. Segundo Nichols, a Esfinge aqui pode ser relacionada ao papel da feiticera Srinmo na roda da vida tibetana, ou seja, a dominadora cruel, o demônio feminino da morte, dando ao princípio feminino o poder implacável e monstruoso das fortunas rotativas da espécie humana. Anúbis, como divindade psicompômpica, simboliza a implacável acuidade do olhar justiceiro, ao qual nada escapa e que vela pela estrita execução dos ritos e leis humanas: ele é quem tenta equilibrar as forças adversas para fazer vitoriosas as forças da luz. Tífon, tão forte ou mais do que Zeus, meio homem, meio monstro, era tão alto que sua cabeça tocava as estrelas e suas mãos tocavam tanto o Oriente quanto o Ocidente. Conta a lenda que até hoje ele dorme sob o vulcão Etna, cujas chamas seriam seu vômito. Ele foi gerado pelo ciúme e vingança de Hera - por Zeus ter parido Atena – e assim vem violentamente para chocar-se contra o ideal de sabedoria desta última, personificando os sobressaltos de animalidade, vulgarização, embrutecimento, a suprema oposição ao espírito! Ou como lembra Jung, ‘ é a recusa da sublimação e a cedência as pulsões intrínsecas de violência.’ Tífon, o insurgente, é interpelado pela Esfinge no giro, que lhe pergunta: Quem és tu/ O que tu és? Nada sei, ele responde, porque eu só ajo e, imediatamente vem Anúbis para polarizar sua atitude. Ad eternum.

Júpiter/Zeus é o deus grego/romano supremo, divindade do céu, da luz diurna, do tempo que faz, dos raios e trovões. Na iconografia é representado pela roda como principal atributo! Astronomicamente, o planeta Júpiter ocupa o centro dos astros que giram em torno do Sol, encarnando na astrologia o princípio de equilíbrio, ordem, estabilidade, legalidade social, preservação da hierarquia estabelecida, ou apenas grande benfeitor. Por estas inúmeras razões, nada mais justo termos Júpiter como planeta deste arcano. Os raios, seus atributos, que aqui finalizam nas estrelas, simbolizam seu poder criador e destruidor.

Quem move a roda então são estas duas energias: Ação e Reação, Bem e Mal, girando e dando movimento á nossa vida. E, se as nossas vidas estão ligadas a um cíclico ir e vir de acontecimentos, sobre os quais não temos controle nenhum, não estamos presos a ela. Neste ponto, quem compreendeu isso pergunta: Quem sou eu para que isto tenha me acontecido? Mas quem está na beirada dela, tentando agarrar-se para querer seguir na espiral lamenta-se: Porque eu? Porque isso sempre me acontece ?

Quais são os nosso eternos retornos? Porque sempre estamos no mesmo caminho sendo atingidos pelas mesmas personas? Como esta Gestalt me atinge? Milagrosamente não fugimos ao destino tentando nos afastar dele, como fez Édipo, mas sim, tomando consciência do que atraímos e afastamos de nossa experiência em função de condicionamentos, julgamentos e pré-conceitos. Livres? Só mudando nosso ponto de vista, pensando de forma espiralada, não cartesiana. Deixando a roda girar, apenas colocando combustível, e lembrando que mesmo em Marselha, até este movimento é um não—movimento, haja visto que a roda está fixada...no mar...!

* Recomendo o filme A Roda da Vida, por Lama Padma Samten, onde ele explana a simbologia da mesma (aqui os três animais serão Javali, Galo e Cobra ou ainda nascimento, vida, decrepitude e morte) sob o ponto de vista budista tibetano. Interessantíssima a relação com a individualidade, através da separatividade.

Cabala: Kaph - Palma da mão

Astrologia: Júpiter - Sorte, abundância, crescimento.

Número 10: Site sobre símbolos, excelente!

Compreensão Divinatória

Num nível profundo, parta do princípio de que tudo tem a sua razão de ser, mesmo que o sentido esteja oculto agora. Talvez ele fale sobre um caminho que corresponde à essência profunda do seu ser, porém não necessariamente como você havia controlado experenciar...Daí vem um dilema, pois geralmente sofremos quando algo se manifesta diferente do que imaginávamos, e não reconhecemos que essa experiência era exatamente o que faltava para a nossa felicidade, por corresponder profundamente à nossa essência. Ela recomenda:

- sentir um sentido de destino, usar o que as chances oferecem, deixar-se levar pela vida – seguindo o fluxo, achar oportunidade num evento sem sentido, abrir-se a sorte, sentir a ação do destino, acolher os milagres diários.

- estar num turning point, mover-se numa direção totalmente oposta á inicial, alterar o curso presente, deixar-se surpreender com alguns eventos.

- sentir o movimento, experimentar a mudança, entrar de cabeça nos novos desenvolvimentos, estar envolvido.

- ter uma visão pessoal, ver como as coisas se conectam, ficar mais esperto, descobrir padrões e ciclos, expandir seu conhecimento e contatos, ganhar uma perspectiva maior, descobrir seus propósitos e ideal de vida.

Complementação na Leitura Divinatória

- Dois de Espadas: estar num impasse.

- Quatro de Espadas: descansar, estar em paz.

- Quatro de Ouros: ação bloqueada, sem movimento.

- Sete de Ouros: análise antes de mudar a direção.

- Oito de Paus: desenvolvimentos rápidos, muito rápidos.

domingo, 31 de agosto de 2008

IX – O Ermitão, Eremita


The individual has always had to struggle to keep from being overwhelmed by the tribe. If you try it, you will be lonely often, and sometimes frightened. But no price is too high to pay for the privilege of owning yourself.

Nietzsche.

Abordagem Visual

Vemos uma figura cilíndrica que só notamos ser um ser humano (sem rosto visível) em função da mão que sai de sua túnica vermelha, localizada bem no centro da lâmina. Este parece ter já uma idade avançada em função da curvatura de suas costas e de seus cabelos brancos. Esta mão segura uma lâmpada em formato de diamante cujo centro assemelha-se a um sol e atrás dele segue um cão com três cabeças. Ao seu redor convergem feixes de trigo maduros na cor verde. Um espermatozóide gigante e um ovo órfico com a serpente enrodilhada vêm de encontro ao seu corpo. Os tons de amarelo dos feixes de luz triangulares sobrepõe-se sobre o vermelho e verde principais.

Mitologia e Tipologia

O enamorado da sexta casa vira o condutor do carro e choca-se na primeira curva com a justiça, que lhe avisa que o equilíbrio rigoroso é a primeira lei do mundo. A fim de resolver esta nova ambivalência, ele escolhe a via que lhe propõe este Eremita. Na tradição hermética, vemos aqui Hermes Trismegisto (Hermes três vezes grande), cujos romanos denominavam Mercúrio e os egípcios Thot, os ingleses Merlin e os germânicos Odin.

Os símbolos centrais, da mão com a lanterna, Cérbero e os elementos de fecundação, são fundamentais no entendimento da lâmina. Aqui a mão é a tomada de posse, afirmação de poder sobre a luz. Já estando fechada, segundo os budistas, é o símbolo da dissimulação, do segredo, do esoterismo e esta, aqui a esquerda, é tradicionalmente ligada á justiça, ao não agir, a sabedoria. Símbolo da iluminação e da clareza de espírito, a lanterna pode ser a de Diógenes, que buscava durante o dia um tal homem em Atenas e só encontrava tolos, ou a de Trismegisto, que realmente encerrava a luz velada da sabedoria. Aqui, a luz solar - consciência - deve permanecer confinada por enquanto, pois estamos falando do enlightement budista, que é individual e intransferível e só conseguido através da busca solitária que este eremita empreende. Esta luz é relacionada com a obscuridade para simbolizar os valores alternantes ou mesmo complementares da evolução do indivíduo e, aqui, serve somente a quem a carrega, a mais ninguém, pois provavelmente irá ofuscar-lhe a vista - nem todos estão na mesma path...

Logo atrás vemos Cérbero ou Cão de Hades, entidade animalesca que proíbe que os vivos entrem no inferno e que os mortos saiam, e que apenas Hércules (força) e Orfeu (empatia) conseguiram dominar. Símbolo do guardião do inferno, figura muito apropriada para nosso inferno interior, nosso inconsciente regressivo...Sua dominação sempre era realizada externamente ao seu habitat, ou seja, somente através de uma violenta mudança de meio ambiente ou da utilização de forças pessoais, de natureza espiritual – analítica podemos vencer este páreo. Nas palavras de Chevalier: ‘Para derrotá-lo, não se pode contar senão consigo mesmo.’ Os elementos de fecundação, como o ovo órfico e o espermatozóide, podem ter significados de totalidade, da dualidade yin yang, início e fim, ou como processo de renascimento. O ovo surge em geral depois do caos, como um primeiro princípio de organização, o que aqui se faz necessário, já que estamos falando, psicologicamente, da carta da individuação junguiana. O ovo confirma e promove a ressurreição! Não um nascimento, posto que já estamos aqui, mas um renascimento, uma repetição. Aqui também cabe então o simbolismo do ovo filosófico, aquele que contém o germe de uma nova vida espiritual...Diferente desta vez, caso tenhamos realmente nos tornado nós mesmos... O espermatozóide encerra em seu simbolismo o impulso criador, a energia vital masculina e regenerativa.

Todos necessitamos sentir apaixonadamente alguma coisa, encontrar significado e propósito como parte de um plano grandioso do universo, que seja infinitamente superior á vida mundana que levamos; queremos ser especiais na engrenagem infinita, e ele, o Eremita, é o processo arquetípico da individuação que todo temos que experienciar para sentirmos este enlevo, tornando-nos quem somos. Este é o sentido de pertencermos ao caldo universal - nos tornarmos o nosso único eu, sermos Unificados! Jung disse que quem olha para fora sonha, quem olha para dentro acorda, e esta é a função da caminhada de solitude (não de solidão) do eremita. Ir-se em busca de si mesmo, com uma pequena luz – que ele deve proteger férreamente – com o desapego de quem acho que sou o que acham que devo ser.

Enquanto o Papa nos prescreve a experiência, o Eremita ousa ela. E esta ousadia é premiada com um novo rumo na vida, com certeza muito mais vibrante e mais feliz do que o anterior. Eu me ouço, eu me vejo finalmente!

Cronos, filho de Urano, não Chronos, o Tempo, foi o deus grego colocado por Burke na lâmina nove de seu tarot mitológico. Ele cortou os testículos do pai, e, casado com Réia, devorava seus filhos quando nasciam. Zeus, seu filho, cansado desta atitude, retorna a casa paterna e imobiliza seu pai, acorrentando-o. Aqui levarei em conta o mito de Cronos que fala que apenas após a mutilação, e das provas que ele passou que foi desempenhar o papel de rei bom de um país e período lendário. Ou seja, o deus mutilado simbolizaria a sublimação dos instintos e sua utilização em prol de um período ideal, perfeito. Também a imagem de Cronos acorrentado simboliza a inexistência ou a suspensão do tempo, com o qual ele sempre se rebela – onde segundo a autora – a lição do tempo e das limitações da vida mortal tornam-se seu maior aprendizado...

Cabala: Yod – Mão.

Astrologia: Virgem - Exatidão, confiabilidade, ascese, concentração, colheita.

Número 9: Site sobre símbolos, excelente!

Compreensão Divinatória

Num nível profundo, faça deste um momento de introspecção consciente para descobrir o que você realmente quer e não se deixe influenciar por ninguém. Trate de suas forças internas antes de arriscar a dar um passo na direção do novo. Ela recomenda:

- ficar introspectivo, deixando as coisas acontecerem, concentrado somente nos sentidos, precisando entender.

- buscar grande compreensão, querer a verdade acima de qualquer coisa, desejar uma nova direção.

- receber uma direção, um guia, aceitar/oferecer um conselho sábio, aprender/ser um guru, ajudar ou se ajudado.

- buscar isolamento, precisar estar só, experenciar a solitude, deixar para trás as distrações, isolar-se num mundo particular.

Complementação na Leitura Divinatória

- Amantes: estar num relacionamento, sexualidade

- Mundo: envolvimento com o mundo

- Sacerdotisa e Quatro de Copas: buscando, olhando internamente

- Dois de Copas: fazendo conexões, parcerias

- Três de Copas: estando num grupo, com outros

- Nove de Copas: prazeres sensuais

- Oito de Copas: buscando um entendimento profundo

- Quatro de Espadas: contemplando em quietude

- Sete de Espadas: ficando sozinho, longe dos demais

sábado, 30 de agosto de 2008

Tarot Revelations

Desconhecia que Joseph Campbell, juntamente com Richard Roberts criou um tarô, intitulado Tarot Revelations. Surpresa maior foi, coincidentemente, dar-me de cara com o miolo central do livro abaixo relatando o que JC pensava acerca destas lâminas.

Interessantíssimo e muito recomendável aos pesquisadores sérios desta mitologia em cartas...

Campbell: A pergunta mais interessante foi quando eu estava dando um seminário aqui em Esalen, em 1967. Alguém perguntou: “ Qual é o simbolismo do baralho Waite de cartas de tarô?" . Bem, eu nunca pensara naquilo. Eu ja vira baralhos de tarô e pude me lembrar do meu velho mestre Heinrich Zimmer, proferindo palestras sobre estas cartas, e me lembrei de seus comentários sobre o tarô. Então falei: “ Bem, dê-me um baralho de tarô e deixe-me leválo para o quarto. De manhã eu lhe direi o que descobri.”

Foi muito empolgante. Tive a sorte de reconhecer algumas sequências nas cartas. Há uma para as Quatro Idades do Homem; a Juventude, a Maturidade, a Velhice e o que Dante chama Senilidade. Ou Decrepitude. Dante discute isso extensamente no seu Convívio.

Então, no seu desdobramento, vi outra sequênca em que havia uma mulher despejando água ou algo de uma vasilha azul para uma vermelha, e era a carta chamada Temperança. E a sequência seguinte era o Diabo, o Inferno. E a próxima, um raio atingindo uma torre, a Torre da Destruição, que é o signo tradicional para o Purgatório, como sabem, a torre do mal sendo esmagada pelo raio usado por Deus para destruir todos os relacionamentos do nosso rígido sistema do ego. E a quarta carta era o início da vida, o Paraíso, duas vasilhas vermelhas sendo despejadas mundo abaixo. La vita nuova (Vida Nova) de Dante, despejada da vsailha física para a espiritual.

Colocando as quatro sequências de um lado e as outras quatro do outro, tudo resultava em um belo sistema que interpretava as transformações dos relacionamentos psicológicos não somente por meio dos quatro estágios da vida humana, mas também na mudança de enfoque do que é meramente material para as idéias mais espiritualizadas.

Os quatro naipes são interessantes porque esse é um barlho medieval. A primeira referência ao tarô vem de cerca de 1392, de um baralho que foi feito para o Rei Carlos I da França. Isso foi logo depois da morte de Dante, mas estamos no mesmo campo de Dante. Também é medieval. Os quatro naipes são espadas, que representa os aristocratas, a nobreza; copas que representa o clero da missa católica; ouros que representa as propriedades adquiridas com o dinheiro; e paus, ou bastões, que são os camponeses. Essas eram as quatro castas da tradição medieval.

Há dois estágios na vida. Um é aquele em que entramos na vida e atinge um clímax por volta dos 35-40 anos, e o segundo é aquele em que se deixa a vida. E os quatro naipes têm a ver com o fato de se entrar na vida por meio de uma outra ocupação, conforme a tarefa que se vem executar. E depois vem a grande suíte, no final, a das Honras, o Arcano Maior, que tem a ver com o caminho místico. Aquilo tudo funcionava assim; estava tudo bem ali na minha frente. Foi uma experiência fascinante, a mais interessante que já tive aqui.

O tarô, como sabem, é um baralho usado pelas cartomantes para ler a personalidade das pesoas etc. E assim que eu o olhei, ele se mostrou como um todo, e percebi que representava um programa para a vida derivado da consciência medieval européia. E com efeito trazia, de forma simbólica muitas das implicações da filosofia de Dante. Foi isso que realmente me surpreendeu.

Dante morreu em 1321 e as primeiras provas que temos de cartas desse tipo vêm de sermôes feitos por volta desta data, contra o uso das cartas, e então nos perguntamos: “ Porque contra estas cartas?” . E descobrimos a razão disso quando examinamos melhor o assunto. Basicamente é a filosofia agnóstica que está contida nas cartas. Para sermos mais precisos, há uma idéia na ortodoxia cristã de que o fim do mundo se aproxima. Esse é um símbolo mitológico, o fim do mundo, interpretado em termos de um acontecimento histórico; para o cristão ortodoxo, tem de ser um acontecimento histórico. Mas os símbolos mitológicos não se referem a acontecimentos históricos e sim, espirituais. O fim do mundo é um evento espiritual, não histórico.

(...)

Arrien: Você acredita em tarô? Sei que pode ler as cartas. Mas acredita no que lê?

Campbell: Não, não acredito em nada disso. Apenas vejo. Posso demonstrar como funciona e perceber sua beleza.

Arrien: Mas você não acredita que o tarô possa lhe dizer tudo?

Campbell: Ele pode nos dar um programa para a vida, o que são os problemas nos diferentes estágios da vida e o que são as atitudes espiritualmente mais baixas ou elevadas em relação ás experiências da vida nos diferentes estágios. É uma coisa maravilhosa.

Arrien: Acha que se pode ver o Reino nessas cartas?

Campbell: É claro que se pode. No tempo da Depressão, na Grande Depressão, havia um velho pregador, Padre Divino. Costumava fazer sermões maravilhosos e depois dizia: “ Será que vocês não podem ver o mistério, será que vocês não estão felizes com isso? E todos respondiam: “ Sim, oh Senhor!”. Bem, será que você não fica feliz com isso?

Arrien: Sim, sim, é maravilhoso.

Campbell: Sim. Acontece somente que isso não nos foi ensinado. Esse é o maior problema. Não acho que foi por malícia; apenas essa não é uma idéia presente na história de nossa cultura. É uma coisa que foi escondida por um ou outro motivo e a menos que se chegue a isso não poderemos compreendê-la. Mas basta ter uma pequena pista...e o tarô é uma pista, e então não há nada de difícil nele.

Arrien: você falou também que o tarô era bastante acessível. Isso constituá uma ameaça á Igreja?

Campbell: Não sei. Não sei qual era a situação real. Há apenas essas poucas pista, pelo que sei, vindas do século XIV par nos informar de que algo estava para acontecer. Outra coisa é que muitas pessoas acham qu o tarô vem do Egito. Mas ele é inteiramente medieval, o simbolismo é medieval; é uma idéia européia.

A Jornada do Herói, Vida e Obra de Joseph Campbell.

Organização e Prefácio de Phil Cousineau.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

VIII – A Justiça, o Ajustamento


Order is not pressure which is imposed on society from without, but an equilibrium which is set up from within.

Jose Ortega y Gasset

Abordagem Visual

Uma carta em estilo art decó, em tons frios de azul (sabedoria) e verde(contemplação), onde a personagem central é uma elegante mulher mascarada (atenção ao interior), coroada no que parecem ser penas de avestruz, vestida de arlequim, na ponta dos pés, equilibrando-se em uma longa e afiada espada - o que demanda um grande equilíbrio interior, aliado a uma concentração e autocontrole profundos. O grande trono é adornado com esferas e triângulos pontiagudos (masculino e feminino em equilíbrio)em igual quantidade, tanto na base como no suporte. A balança - fixada na parte superior, no que parece ser um pequeno mas forte eixo - é quem dá o entorno do losango luminoso onde a figura central se equilibra em uma espada enorme. Dos quatro cantos (da terra?) saem raios ondulantes equilibrando as zonas escuras/iluminadas. A espada é adornada com duas esferas e duas semi-luas.

Mitologia e Tipologia

A balança e a espada são as figuras centrais simbolizando o julgamento humano, sendo assim uma extensão da aceitação precedente da justiça divina. A espada, segundo Aristóteles, representa seu poder distributivo (Justitia suum cuique tribuit) e a balança sua missão de equilíbrio. No Egito antigo, Maat, no tribunal de Osíris, pesava as almas dos mortos; na tradição cristã São Miguel é o Aeon do Julgamento, os gregos tinham Hermes que pesou as almas de Aquiles e Pátroclo. Têmis, para os gregos era a Justiça, pois regia o mundo sob uma lei universal, dado que filha de Urano (céu) e Gaia (terra), ou matéria e espírito, visível e invisível, detinha o conhecimento para julgar de forma neutra. Também o símbolo Yin e Yang para os chineses, com seu lado escuro e claro em alternância. As penas de avestruz de sua coroa remetem ao mito da pesagem descrita no Livro dos Mortos, onde a psicostasia era a pesagem das almas (julgamento): nos pratos de uma balança, de um lado o vaso com o coração do morto e no outro a pluma de avestruz (significa a justiça e a verdade). Um aspecto não menos interessante deste simbolismo nos é revelado na astrologia, através do signo astrológico de Libra: quando o Sol entra neste signo, ele está no ponto intermediário do ano astronômico. Na cabala está escrito que antes da Criação ‘... a balança estava no mais Antigo dos dias.’ Também há significância no mito da deusa Kali Ma, destruidora, criadora e preservadora, quase sempre representada com uma espada na mão e um artigo de beleza na outra, o que tem similaridade com a carta da Justiça do tarot de Marselha. Lá, a mulher impávida, de olhar fixo no presente – sem máscara – numa mão empunha a espada que pode matar e na outra a balança que julga o feito.

A Justiça Divina não existe, nem a da Natureza. Só no mundo de Tom e Jerry existe reparação, porque na vida real os maus geralmente não são castigados e os bons são injustamente maltratados. Jó, por exemplo, não pecou mas sofre – não há lógica nem compaixão por parte de Deus. E sim, é difícil nos resignarmos á injustiça da vida e vamos ou sempre racionalizá-la ou entregá-la a um deus bondoso porque queremos acreditar na equidade do Universo. Porque? Porque faz com que a vida pareça controlável...e ela não é. Os pratos da balança não tem como pesar olho contra olho e dente contra dente, e tampouco tem o poder de distribuir a recompensa e o castigo – somos demasiados complexos para isso. Esta afirmação vem de encontro ao que penso que deu origem ao nome Ajustamento de Crowley, pois, de fato, o julgamento humano apenas compensa, não retorna o perdido ou justo, isso é trabalho do tempo.

O que se quer que se ganhe nunca é idêntico ao que se perde...E, na maiora esmagadora das vezes, perder, é ganhar a longo prazo.

Athená é deusa da justiça grega, aqui colocada como intérprete do oitavo arcano maior no tarot de Liz Greene. Apresentada como guerreira e virgem, racional, protetora da norma da lei e da ordem, e portanto dos cânones culturais, ela é a própria epifania da Nous do pai e de sua Métis introjetada (conselho sábio). Isso resulta arquetipicamente em um pensamento muito desenvolvido e sentimentos indiferenciados, sem a mãe instruindo nas demandas (emocionais) do feminino. Sua síntese é através da reflexão, com uma inteligência socializada tornando-se assim uma julgadora imparcial, sem afeto envolvido.

Cabala: Lamed - braço estendido.

Astrologia: Libra - Equilíbrio, objetividade.

Número 8: Significado em um site bem interessante!

Compreensão Divinatória

Num nível profundo, tome uma decisão inteligente, pois a responsabilidade sobre o decorrer do assunto está inteiramente em suas mãos. Ela recomenda:

- agir com princípios éticos, estar envolvido com assuntos legais, comprometer-se com honestidade, buscar a equidade, ser imparcial, fazer o que é certo.

- assumir responsabilidade, ser honesto, contornar a situação, fazer o que tem que ser feito.

- preparando uma decisão, pesando todos os lados de uma questão, determinando a ação certa, escolhendo sem egoísmo.

- entender causa e efeito, aceitar os resultados que foram criados, reconhecer a ação do karma, conhecer o que faz sentido, fazer conexões entre eventos.

Complementação na Leitura Divinatória

- Imperador: justiça, reguladores, assuntos legais.

- Julgamento: decidndo, aceitando ações/erros passados.

- Dois de Espadas: evitando a verdade, rejeitando as regras.

- Cinco de Espadas: falta de integridade, fazendo o que não é certo.

- Sete de Espadas: furtando-se das responsabilidades.

- Dez de Paus: aceitando responsabilidade, sendo confiável.

- Nove de Espadas: culpado pelo passado, aceitando erros.

- Sete de Ouros: decidindo um curso futuro, aceitando quem você é.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

VII – O Carro, a Carruagem, The Chariot.


Bring me my bow of burning gold! Bring me my arrows of desire! Bring me my spear! O clouds, unfold! Bring me my chariot of fire!

William Blake

Abordagem Visual

Particularmente vejo nesta carta um yogue de armadura áurea, com um caranguejo sob sua cabeça (signo Câncer), sentado em posição de meio lótus (meditando? estaria sintonizando entre os objetivos interiores, exteriores e cósmicos, direcionando estes a uma orientação comum), segurando um disco em movimento, multicolorido, ladeado por quatro colunas âmbar, tendo em cada lado duas grandes rodas vermelhas (força de vontade presente com intenção de ação ou prontidão) e á sua frente quatro animais ‘esfíngicos’ acinzentados (com partes do corpo trocadas quatro vezes entre si - subdivisão dos quatro elementos em 16 subelementos, ou os 16 tipos de personalidade?). Como curiosidade, os quatro animais da imagem são um mix de muitos que aqui acrescentam mais simbolismos: águias puxam o carro de Zeus, pavões o de Juno, cavalos o de Apolo, unicórnios o de Atena, bodes o de Dionísio, cisnes/pombas o de Afrodite, cegonhas o de Hermes, cervos o de Ártemis...e assim por diante.

No chão, o caminho é pavimentado com pedras que lembram ouro, e toda a imagem está inserida dentro de infinitos círculos azulados, como um túnel do tempo...direto para o presente. Não há movimento, mas há uma força intrínseca que, como uma panela de pressão, a qualquer instante vai explodir e disparar este cavaleiro zen para algum lugar. No toldo azul a inscrição abracadabra, que deriva do celta abra ou abar (deus) e cad (santo), utilizada como talismã, significando ‘ não me firas’. Outros autores dizem que procede do hebreu abreg ad habra, traduzido como ‘ arremessa teu raio até a morte’ . Ambas estão certas aqui.


Mitologia e Tipologia

O carro é muitas vezes associado ao Sol (Apolo, o Deus Sol romano, dirigia uma carruagem dourada; Elias, dos Cristãos, foi levado aos céus por uma carruagem incandescente de fogo) e outro simbolismo é o do ego, pois o mesmo só existe em função do conjunto das peças que o formam; por isso, quando essas peças são consideradas separadamente, o carro deixa de existir; ele, então, como o ego, é apenas uma designação convencional. Quando aplicada ao ser humano, vem através da definição de Platão a seguinte imagem: “ o carro representa a natureza física do homem, seus apetites, seu duplo instinto de conservação ou de destruição, suas paixões inferiores, seus poderes de ordem material sobre aquilo que é material. “

O condutor pode ser a mente consciente sendo levada ou puxada, ou estando em parceria com o subconsciente. Como condutor poderemos associar então as figuras de Osíris triunfal sobre sua Esfinge, Alexandre e seus Grifos alados, Faetonte indo longe demais, com muita pressa... Mas de fato não importa qual o arquétipo em função, e sim que este carro é um veículo de poder e de conquista, onde o Louco inicia sua jornada de liberdade após escolher nos Amantes qual o melhor (?) caminho. A jornada inicia agora, onde sozinhos, numa terra desconhecida, poderemos descobrir quem realmente somos, ou ainda sermos destruídos por esta experiência, dependendo da velocidade e dos caminhos tortuosos escolhidos. Este veículo não tem rédeas, e parece que o movimento é através do poder de concentração e foco (modo de unificar forças internas opostas) do cavaleiro zen. Isso é que conduz os quatro animais (as funções humanas) que olham em direções distintas. Se o cavaleiro dominar estas oposições, exercendo seu domínio pessoal, sem fatalidade, escolhendo e assumindo os riscos, ele chegará são e salvo no futuro. Ou seja, é uma viagem que demanda coragem e equilíbrio, sendo estas duas forças vitais para ordenar as funções, permitindo também que o carro não breque abruptamente.

E o significado deste movimento? Os vedas falam da imagem do carro como ‘ o veículo de uma alma em experiência’. Assim, alguns de nós embarcam na viagem em uma busca séria de significado, enquanto outros vagueiam numa caminhada sem fim, apenas para escapar ao vazio de suas vidas. Independente, se for o ego que nos conduzir inicialmente, tudo poderá dar certo, pois os solavancos do caminho irão fazer com que corrijamos o rumo.

Acho a interpretação de Liz Greene muito interessante para esta lâmina, pois ela referencia o jovem retratado com Mares/Arte, o deus da guerra, o deus sem o arquétipo masculino como referência, pois nascido apenas de Hera. Agindo sempre com imprudência, força bruta e falta de polidez, como o perfeito oposto-complementar masculino de sua irmã Athena, ponderada e analítica. Mesmo com este instinto agressivo, lembremo-nos que estes são aqui conduzidos de forma consciente e devem ser trabalhadas com força, sem repressão. Esta ebulição somos nós, não há como refrear estes impulsos durante toda uma vida, mas temos que saber como e de que forma apaziguar esta hybris para realizar este intuito.

Cabala: Cheth j - Cerca

Astrologia: Câncer - Seguir o seu próprio caminho.

Número 7: Este é um número de grande ‘ ocorrência’: Há 7 dias da semana, 7 notas musicais, 7 cores no arco-íris, 7 sistemas cristalinos, 7 maravilhas do mundo antigo, 7 planetas da Astrologia exotérica, 7 pecados capitais, os 7 dias da Criação etc. A tradição cristã cita o 7 em muitos dos seus versículos: "Os sete Espíritos aos pés do Senhor", os 7 anos que Jacó teve que servir a Labão quando pediu Raquel em casamento etc. Para os cabalistas, o sete é o número da perfeição.


Compreensão Divinatória

Num nível profundo, o carro nos diz que temos que manifestar de forma sábia nossos mais agressivos impulsos porque eles são parte de nossa natureza humana, de nossa sobrevivência. Eles não podem ser suprimidos, para que não se voltem contra nós mas podem ser transformados criativamente para nosso crescimento e sucesso. Ela recomenda:
- Conquistar a vitória, vencer, ter sucesso, dominar, ganhar a competição.
- Usar seus dons, estar determinado a vencer, focar sua intenção, aguentar as tentações, sustentar um esforço, concentrar as energias, fixar-se no gol.
- Centrar-se, estabelecer uma identidade, saber quem você é, sentir-se autoconfiante, ter fé em si mesmo, olhar pelos seus interesses.
- Obter controle total, dominar suas emoções, analisar suas emoções, manter disciplinas, guardar sua raiva, seguir seu caminho, assumir a rédeas do poder, mostrar autoridade.


Complementação na Leitura Divinatória

- Força: controle calmo
- Enforcado: aceitando os desígnios do universo, colocar outros em primeiro lugar
- Torre: experiência humilhante
- Mago: usando seus poderes, concentração
- Oito de Espadas: confusão, indecisão
- Dez de Espadas: poderoso, colocando outros em primeiro lugar
- Dois de Paus: dominando, sendo autoritário
- Quatro de Ouros: controle
- Nove de Ouros: Disciplina, auto-controle