domingo, 31 de agosto de 2008

IX – O Ermitão, Eremita


The individual has always had to struggle to keep from being overwhelmed by the tribe. If you try it, you will be lonely often, and sometimes frightened. But no price is too high to pay for the privilege of owning yourself.

Nietzsche.

Abordagem Visual

Vemos uma figura cilíndrica que só notamos ser um ser humano (sem rosto visível) em função da mão que sai de sua túnica vermelha, localizada bem no centro da lâmina. Este parece ter já uma idade avançada em função da curvatura de suas costas e de seus cabelos brancos. Esta mão segura uma lâmpada em formato de diamante cujo centro assemelha-se a um sol e atrás dele segue um cão com três cabeças. Ao seu redor convergem feixes de trigo maduros na cor verde. Um espermatozóide gigante e um ovo órfico com a serpente enrodilhada vêm de encontro ao seu corpo. Os tons de amarelo dos feixes de luz triangulares sobrepõe-se sobre o vermelho e verde principais.

Mitologia e Tipologia

O enamorado da sexta casa vira o condutor do carro e choca-se na primeira curva com a justiça, que lhe avisa que o equilíbrio rigoroso é a primeira lei do mundo. A fim de resolver esta nova ambivalência, ele escolhe a via que lhe propõe este Eremita. Na tradição hermética, vemos aqui Hermes Trismegisto (Hermes três vezes grande), cujos romanos denominavam Mercúrio e os egípcios Thot, os ingleses Merlin e os germânicos Odin.

Os símbolos centrais, da mão com a lanterna, Cérbero e os elementos de fecundação, são fundamentais no entendimento da lâmina. Aqui a mão é a tomada de posse, afirmação de poder sobre a luz. Já estando fechada, segundo os budistas, é o símbolo da dissimulação, do segredo, do esoterismo e esta, aqui a esquerda, é tradicionalmente ligada á justiça, ao não agir, a sabedoria. Símbolo da iluminação e da clareza de espírito, a lanterna pode ser a de Diógenes, que buscava durante o dia um tal homem em Atenas e só encontrava tolos, ou a de Trismegisto, que realmente encerrava a luz velada da sabedoria. Aqui, a luz solar - consciência - deve permanecer confinada por enquanto, pois estamos falando do enlightement budista, que é individual e intransferível e só conseguido através da busca solitária que este eremita empreende. Esta luz é relacionada com a obscuridade para simbolizar os valores alternantes ou mesmo complementares da evolução do indivíduo e, aqui, serve somente a quem a carrega, a mais ninguém, pois provavelmente irá ofuscar-lhe a vista - nem todos estão na mesma path...

Logo atrás vemos Cérbero ou Cão de Hades, entidade animalesca que proíbe que os vivos entrem no inferno e que os mortos saiam, e que apenas Hércules (força) e Orfeu (empatia) conseguiram dominar. Símbolo do guardião do inferno, figura muito apropriada para nosso inferno interior, nosso inconsciente regressivo...Sua dominação sempre era realizada externamente ao seu habitat, ou seja, somente através de uma violenta mudança de meio ambiente ou da utilização de forças pessoais, de natureza espiritual – analítica podemos vencer este páreo. Nas palavras de Chevalier: ‘Para derrotá-lo, não se pode contar senão consigo mesmo.’ Os elementos de fecundação, como o ovo órfico e o espermatozóide, podem ter significados de totalidade, da dualidade yin yang, início e fim, ou como processo de renascimento. O ovo surge em geral depois do caos, como um primeiro princípio de organização, o que aqui se faz necessário, já que estamos falando, psicologicamente, da carta da individuação junguiana. O ovo confirma e promove a ressurreição! Não um nascimento, posto que já estamos aqui, mas um renascimento, uma repetição. Aqui também cabe então o simbolismo do ovo filosófico, aquele que contém o germe de uma nova vida espiritual...Diferente desta vez, caso tenhamos realmente nos tornado nós mesmos... O espermatozóide encerra em seu simbolismo o impulso criador, a energia vital masculina e regenerativa.

Todos necessitamos sentir apaixonadamente alguma coisa, encontrar significado e propósito como parte de um plano grandioso do universo, que seja infinitamente superior á vida mundana que levamos; queremos ser especiais na engrenagem infinita, e ele, o Eremita, é o processo arquetípico da individuação que todo temos que experienciar para sentirmos este enlevo, tornando-nos quem somos. Este é o sentido de pertencermos ao caldo universal - nos tornarmos o nosso único eu, sermos Unificados! Jung disse que quem olha para fora sonha, quem olha para dentro acorda, e esta é a função da caminhada de solitude (não de solidão) do eremita. Ir-se em busca de si mesmo, com uma pequena luz – que ele deve proteger férreamente – com o desapego de quem acho que sou o que acham que devo ser.

Enquanto o Papa nos prescreve a experiência, o Eremita ousa ela. E esta ousadia é premiada com um novo rumo na vida, com certeza muito mais vibrante e mais feliz do que o anterior. Eu me ouço, eu me vejo finalmente!

Cronos, filho de Urano, não Chronos, o Tempo, foi o deus grego colocado por Burke na lâmina nove de seu tarot mitológico. Ele cortou os testículos do pai, e, casado com Réia, devorava seus filhos quando nasciam. Zeus, seu filho, cansado desta atitude, retorna a casa paterna e imobiliza seu pai, acorrentando-o. Aqui levarei em conta o mito de Cronos que fala que apenas após a mutilação, e das provas que ele passou que foi desempenhar o papel de rei bom de um país e período lendário. Ou seja, o deus mutilado simbolizaria a sublimação dos instintos e sua utilização em prol de um período ideal, perfeito. Também a imagem de Cronos acorrentado simboliza a inexistência ou a suspensão do tempo, com o qual ele sempre se rebela – onde segundo a autora – a lição do tempo e das limitações da vida mortal tornam-se seu maior aprendizado...

Cabala: Yod – Mão.

Astrologia: Virgem - Exatidão, confiabilidade, ascese, concentração, colheita.

Número 9: Site sobre símbolos, excelente!

Compreensão Divinatória

Num nível profundo, faça deste um momento de introspecção consciente para descobrir o que você realmente quer e não se deixe influenciar por ninguém. Trate de suas forças internas antes de arriscar a dar um passo na direção do novo. Ela recomenda:

- ficar introspectivo, deixando as coisas acontecerem, concentrado somente nos sentidos, precisando entender.

- buscar grande compreensão, querer a verdade acima de qualquer coisa, desejar uma nova direção.

- receber uma direção, um guia, aceitar/oferecer um conselho sábio, aprender/ser um guru, ajudar ou se ajudado.

- buscar isolamento, precisar estar só, experenciar a solitude, deixar para trás as distrações, isolar-se num mundo particular.

Complementação na Leitura Divinatória

- Amantes: estar num relacionamento, sexualidade

- Mundo: envolvimento com o mundo

- Sacerdotisa e Quatro de Copas: buscando, olhando internamente

- Dois de Copas: fazendo conexões, parcerias

- Três de Copas: estando num grupo, com outros

- Nove de Copas: prazeres sensuais

- Oito de Copas: buscando um entendimento profundo

- Quatro de Espadas: contemplando em quietude

- Sete de Espadas: ficando sozinho, longe dos demais

sábado, 30 de agosto de 2008

Tarot Revelations

Desconhecia que Joseph Campbell, juntamente com Richard Roberts criou um tarô, intitulado Tarot Revelations. Surpresa maior foi, coincidentemente, dar-me de cara com o miolo central do livro abaixo relatando o que JC pensava acerca destas lâminas.

Interessantíssimo e muito recomendável aos pesquisadores sérios desta mitologia em cartas...

Campbell: A pergunta mais interessante foi quando eu estava dando um seminário aqui em Esalen, em 1967. Alguém perguntou: “ Qual é o simbolismo do baralho Waite de cartas de tarô?" . Bem, eu nunca pensara naquilo. Eu ja vira baralhos de tarô e pude me lembrar do meu velho mestre Heinrich Zimmer, proferindo palestras sobre estas cartas, e me lembrei de seus comentários sobre o tarô. Então falei: “ Bem, dê-me um baralho de tarô e deixe-me leválo para o quarto. De manhã eu lhe direi o que descobri.”

Foi muito empolgante. Tive a sorte de reconhecer algumas sequências nas cartas. Há uma para as Quatro Idades do Homem; a Juventude, a Maturidade, a Velhice e o que Dante chama Senilidade. Ou Decrepitude. Dante discute isso extensamente no seu Convívio.

Então, no seu desdobramento, vi outra sequênca em que havia uma mulher despejando água ou algo de uma vasilha azul para uma vermelha, e era a carta chamada Temperança. E a sequência seguinte era o Diabo, o Inferno. E a próxima, um raio atingindo uma torre, a Torre da Destruição, que é o signo tradicional para o Purgatório, como sabem, a torre do mal sendo esmagada pelo raio usado por Deus para destruir todos os relacionamentos do nosso rígido sistema do ego. E a quarta carta era o início da vida, o Paraíso, duas vasilhas vermelhas sendo despejadas mundo abaixo. La vita nuova (Vida Nova) de Dante, despejada da vsailha física para a espiritual.

Colocando as quatro sequências de um lado e as outras quatro do outro, tudo resultava em um belo sistema que interpretava as transformações dos relacionamentos psicológicos não somente por meio dos quatro estágios da vida humana, mas também na mudança de enfoque do que é meramente material para as idéias mais espiritualizadas.

Os quatro naipes são interessantes porque esse é um barlho medieval. A primeira referência ao tarô vem de cerca de 1392, de um baralho que foi feito para o Rei Carlos I da França. Isso foi logo depois da morte de Dante, mas estamos no mesmo campo de Dante. Também é medieval. Os quatro naipes são espadas, que representa os aristocratas, a nobreza; copas que representa o clero da missa católica; ouros que representa as propriedades adquiridas com o dinheiro; e paus, ou bastões, que são os camponeses. Essas eram as quatro castas da tradição medieval.

Há dois estágios na vida. Um é aquele em que entramos na vida e atinge um clímax por volta dos 35-40 anos, e o segundo é aquele em que se deixa a vida. E os quatro naipes têm a ver com o fato de se entrar na vida por meio de uma outra ocupação, conforme a tarefa que se vem executar. E depois vem a grande suíte, no final, a das Honras, o Arcano Maior, que tem a ver com o caminho místico. Aquilo tudo funcionava assim; estava tudo bem ali na minha frente. Foi uma experiência fascinante, a mais interessante que já tive aqui.

O tarô, como sabem, é um baralho usado pelas cartomantes para ler a personalidade das pesoas etc. E assim que eu o olhei, ele se mostrou como um todo, e percebi que representava um programa para a vida derivado da consciência medieval européia. E com efeito trazia, de forma simbólica muitas das implicações da filosofia de Dante. Foi isso que realmente me surpreendeu.

Dante morreu em 1321 e as primeiras provas que temos de cartas desse tipo vêm de sermôes feitos por volta desta data, contra o uso das cartas, e então nos perguntamos: “ Porque contra estas cartas?” . E descobrimos a razão disso quando examinamos melhor o assunto. Basicamente é a filosofia agnóstica que está contida nas cartas. Para sermos mais precisos, há uma idéia na ortodoxia cristã de que o fim do mundo se aproxima. Esse é um símbolo mitológico, o fim do mundo, interpretado em termos de um acontecimento histórico; para o cristão ortodoxo, tem de ser um acontecimento histórico. Mas os símbolos mitológicos não se referem a acontecimentos históricos e sim, espirituais. O fim do mundo é um evento espiritual, não histórico.

(...)

Arrien: Você acredita em tarô? Sei que pode ler as cartas. Mas acredita no que lê?

Campbell: Não, não acredito em nada disso. Apenas vejo. Posso demonstrar como funciona e perceber sua beleza.

Arrien: Mas você não acredita que o tarô possa lhe dizer tudo?

Campbell: Ele pode nos dar um programa para a vida, o que são os problemas nos diferentes estágios da vida e o que são as atitudes espiritualmente mais baixas ou elevadas em relação ás experiências da vida nos diferentes estágios. É uma coisa maravilhosa.

Arrien: Acha que se pode ver o Reino nessas cartas?

Campbell: É claro que se pode. No tempo da Depressão, na Grande Depressão, havia um velho pregador, Padre Divino. Costumava fazer sermões maravilhosos e depois dizia: “ Será que vocês não podem ver o mistério, será que vocês não estão felizes com isso? E todos respondiam: “ Sim, oh Senhor!”. Bem, será que você não fica feliz com isso?

Arrien: Sim, sim, é maravilhoso.

Campbell: Sim. Acontece somente que isso não nos foi ensinado. Esse é o maior problema. Não acho que foi por malícia; apenas essa não é uma idéia presente na história de nossa cultura. É uma coisa que foi escondida por um ou outro motivo e a menos que se chegue a isso não poderemos compreendê-la. Mas basta ter uma pequena pista...e o tarô é uma pista, e então não há nada de difícil nele.

Arrien: você falou também que o tarô era bastante acessível. Isso constituá uma ameaça á Igreja?

Campbell: Não sei. Não sei qual era a situação real. Há apenas essas poucas pista, pelo que sei, vindas do século XIV par nos informar de que algo estava para acontecer. Outra coisa é que muitas pessoas acham qu o tarô vem do Egito. Mas ele é inteiramente medieval, o simbolismo é medieval; é uma idéia européia.

A Jornada do Herói, Vida e Obra de Joseph Campbell.

Organização e Prefácio de Phil Cousineau.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

VIII – A Justiça, o Ajustamento


Order is not pressure which is imposed on society from without, but an equilibrium which is set up from within.

Jose Ortega y Gasset

Abordagem Visual

Uma carta em estilo art decó, em tons frios de azul (sabedoria) e verde(contemplação), onde a personagem central é uma elegante mulher mascarada (atenção ao interior), coroada no que parecem ser penas de avestruz, vestida de arlequim, na ponta dos pés, equilibrando-se em uma longa e afiada espada - o que demanda um grande equilíbrio interior, aliado a uma concentração e autocontrole profundos. O grande trono é adornado com esferas e triângulos pontiagudos (masculino e feminino em equilíbrio)em igual quantidade, tanto na base como no suporte. A balança - fixada na parte superior, no que parece ser um pequeno mas forte eixo - é quem dá o entorno do losango luminoso onde a figura central se equilibra em uma espada enorme. Dos quatro cantos (da terra?) saem raios ondulantes equilibrando as zonas escuras/iluminadas. A espada é adornada com duas esferas e duas semi-luas.

Mitologia e Tipologia

A balança e a espada são as figuras centrais simbolizando o julgamento humano, sendo assim uma extensão da aceitação precedente da justiça divina. A espada, segundo Aristóteles, representa seu poder distributivo (Justitia suum cuique tribuit) e a balança sua missão de equilíbrio. No Egito antigo, Maat, no tribunal de Osíris, pesava as almas dos mortos; na tradição cristã São Miguel é o Aeon do Julgamento, os gregos tinham Hermes que pesou as almas de Aquiles e Pátroclo. Têmis, para os gregos era a Justiça, pois regia o mundo sob uma lei universal, dado que filha de Urano (céu) e Gaia (terra), ou matéria e espírito, visível e invisível, detinha o conhecimento para julgar de forma neutra. Também o símbolo Yin e Yang para os chineses, com seu lado escuro e claro em alternância. As penas de avestruz de sua coroa remetem ao mito da pesagem descrita no Livro dos Mortos, onde a psicostasia era a pesagem das almas (julgamento): nos pratos de uma balança, de um lado o vaso com o coração do morto e no outro a pluma de avestruz (significa a justiça e a verdade). Um aspecto não menos interessante deste simbolismo nos é revelado na astrologia, através do signo astrológico de Libra: quando o Sol entra neste signo, ele está no ponto intermediário do ano astronômico. Na cabala está escrito que antes da Criação ‘... a balança estava no mais Antigo dos dias.’ Também há significância no mito da deusa Kali Ma, destruidora, criadora e preservadora, quase sempre representada com uma espada na mão e um artigo de beleza na outra, o que tem similaridade com a carta da Justiça do tarot de Marselha. Lá, a mulher impávida, de olhar fixo no presente – sem máscara – numa mão empunha a espada que pode matar e na outra a balança que julga o feito.

A Justiça Divina não existe, nem a da Natureza. Só no mundo de Tom e Jerry existe reparação, porque na vida real os maus geralmente não são castigados e os bons são injustamente maltratados. Jó, por exemplo, não pecou mas sofre – não há lógica nem compaixão por parte de Deus. E sim, é difícil nos resignarmos á injustiça da vida e vamos ou sempre racionalizá-la ou entregá-la a um deus bondoso porque queremos acreditar na equidade do Universo. Porque? Porque faz com que a vida pareça controlável...e ela não é. Os pratos da balança não tem como pesar olho contra olho e dente contra dente, e tampouco tem o poder de distribuir a recompensa e o castigo – somos demasiados complexos para isso. Esta afirmação vem de encontro ao que penso que deu origem ao nome Ajustamento de Crowley, pois, de fato, o julgamento humano apenas compensa, não retorna o perdido ou justo, isso é trabalho do tempo.

O que se quer que se ganhe nunca é idêntico ao que se perde...E, na maiora esmagadora das vezes, perder, é ganhar a longo prazo.

Athená é deusa da justiça grega, aqui colocada como intérprete do oitavo arcano maior no tarot de Liz Greene. Apresentada como guerreira e virgem, racional, protetora da norma da lei e da ordem, e portanto dos cânones culturais, ela é a própria epifania da Nous do pai e de sua Métis introjetada (conselho sábio). Isso resulta arquetipicamente em um pensamento muito desenvolvido e sentimentos indiferenciados, sem a mãe instruindo nas demandas (emocionais) do feminino. Sua síntese é através da reflexão, com uma inteligência socializada tornando-se assim uma julgadora imparcial, sem afeto envolvido.

Cabala: Lamed - braço estendido.

Astrologia: Libra - Equilíbrio, objetividade.

Número 8: Significado em um site bem interessante!

Compreensão Divinatória

Num nível profundo, tome uma decisão inteligente, pois a responsabilidade sobre o decorrer do assunto está inteiramente em suas mãos. Ela recomenda:

- agir com princípios éticos, estar envolvido com assuntos legais, comprometer-se com honestidade, buscar a equidade, ser imparcial, fazer o que é certo.

- assumir responsabilidade, ser honesto, contornar a situação, fazer o que tem que ser feito.

- preparando uma decisão, pesando todos os lados de uma questão, determinando a ação certa, escolhendo sem egoísmo.

- entender causa e efeito, aceitar os resultados que foram criados, reconhecer a ação do karma, conhecer o que faz sentido, fazer conexões entre eventos.

Complementação na Leitura Divinatória

- Imperador: justiça, reguladores, assuntos legais.

- Julgamento: decidndo, aceitando ações/erros passados.

- Dois de Espadas: evitando a verdade, rejeitando as regras.

- Cinco de Espadas: falta de integridade, fazendo o que não é certo.

- Sete de Espadas: furtando-se das responsabilidades.

- Dez de Paus: aceitando responsabilidade, sendo confiável.

- Nove de Espadas: culpado pelo passado, aceitando erros.

- Sete de Ouros: decidindo um curso futuro, aceitando quem você é.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

VII – O Carro, a Carruagem, The Chariot.


Bring me my bow of burning gold! Bring me my arrows of desire! Bring me my spear! O clouds, unfold! Bring me my chariot of fire!

William Blake

Abordagem Visual

Particularmente vejo nesta carta um yogue de armadura áurea, com um caranguejo sob sua cabeça (signo Câncer), sentado em posição de meio lótus (meditando? estaria sintonizando entre os objetivos interiores, exteriores e cósmicos, direcionando estes a uma orientação comum), segurando um disco em movimento, multicolorido, ladeado por quatro colunas âmbar, tendo em cada lado duas grandes rodas vermelhas (força de vontade presente com intenção de ação ou prontidão) e á sua frente quatro animais ‘esfíngicos’ acinzentados (com partes do corpo trocadas quatro vezes entre si - subdivisão dos quatro elementos em 16 subelementos, ou os 16 tipos de personalidade?). Como curiosidade, os quatro animais da imagem são um mix de muitos que aqui acrescentam mais simbolismos: águias puxam o carro de Zeus, pavões o de Juno, cavalos o de Apolo, unicórnios o de Atena, bodes o de Dionísio, cisnes/pombas o de Afrodite, cegonhas o de Hermes, cervos o de Ártemis...e assim por diante.

No chão, o caminho é pavimentado com pedras que lembram ouro, e toda a imagem está inserida dentro de infinitos círculos azulados, como um túnel do tempo...direto para o presente. Não há movimento, mas há uma força intrínseca que, como uma panela de pressão, a qualquer instante vai explodir e disparar este cavaleiro zen para algum lugar. No toldo azul a inscrição abracadabra, que deriva do celta abra ou abar (deus) e cad (santo), utilizada como talismã, significando ‘ não me firas’. Outros autores dizem que procede do hebreu abreg ad habra, traduzido como ‘ arremessa teu raio até a morte’ . Ambas estão certas aqui.


Mitologia e Tipologia

O carro é muitas vezes associado ao Sol (Apolo, o Deus Sol romano, dirigia uma carruagem dourada; Elias, dos Cristãos, foi levado aos céus por uma carruagem incandescente de fogo) e outro simbolismo é o do ego, pois o mesmo só existe em função do conjunto das peças que o formam; por isso, quando essas peças são consideradas separadamente, o carro deixa de existir; ele, então, como o ego, é apenas uma designação convencional. Quando aplicada ao ser humano, vem através da definição de Platão a seguinte imagem: “ o carro representa a natureza física do homem, seus apetites, seu duplo instinto de conservação ou de destruição, suas paixões inferiores, seus poderes de ordem material sobre aquilo que é material. “

O condutor pode ser a mente consciente sendo levada ou puxada, ou estando em parceria com o subconsciente. Como condutor poderemos associar então as figuras de Osíris triunfal sobre sua Esfinge, Alexandre e seus Grifos alados, Faetonte indo longe demais, com muita pressa... Mas de fato não importa qual o arquétipo em função, e sim que este carro é um veículo de poder e de conquista, onde o Louco inicia sua jornada de liberdade após escolher nos Amantes qual o melhor (?) caminho. A jornada inicia agora, onde sozinhos, numa terra desconhecida, poderemos descobrir quem realmente somos, ou ainda sermos destruídos por esta experiência, dependendo da velocidade e dos caminhos tortuosos escolhidos. Este veículo não tem rédeas, e parece que o movimento é através do poder de concentração e foco (modo de unificar forças internas opostas) do cavaleiro zen. Isso é que conduz os quatro animais (as funções humanas) que olham em direções distintas. Se o cavaleiro dominar estas oposições, exercendo seu domínio pessoal, sem fatalidade, escolhendo e assumindo os riscos, ele chegará são e salvo no futuro. Ou seja, é uma viagem que demanda coragem e equilíbrio, sendo estas duas forças vitais para ordenar as funções, permitindo também que o carro não breque abruptamente.

E o significado deste movimento? Os vedas falam da imagem do carro como ‘ o veículo de uma alma em experiência’. Assim, alguns de nós embarcam na viagem em uma busca séria de significado, enquanto outros vagueiam numa caminhada sem fim, apenas para escapar ao vazio de suas vidas. Independente, se for o ego que nos conduzir inicialmente, tudo poderá dar certo, pois os solavancos do caminho irão fazer com que corrijamos o rumo.

Acho a interpretação de Liz Greene muito interessante para esta lâmina, pois ela referencia o jovem retratado com Mares/Arte, o deus da guerra, o deus sem o arquétipo masculino como referência, pois nascido apenas de Hera. Agindo sempre com imprudência, força bruta e falta de polidez, como o perfeito oposto-complementar masculino de sua irmã Athena, ponderada e analítica. Mesmo com este instinto agressivo, lembremo-nos que estes são aqui conduzidos de forma consciente e devem ser trabalhadas com força, sem repressão. Esta ebulição somos nós, não há como refrear estes impulsos durante toda uma vida, mas temos que saber como e de que forma apaziguar esta hybris para realizar este intuito.

Cabala: Cheth j - Cerca

Astrologia: Câncer - Seguir o seu próprio caminho.

Número 7: Este é um número de grande ‘ ocorrência’: Há 7 dias da semana, 7 notas musicais, 7 cores no arco-íris, 7 sistemas cristalinos, 7 maravilhas do mundo antigo, 7 planetas da Astrologia exotérica, 7 pecados capitais, os 7 dias da Criação etc. A tradição cristã cita o 7 em muitos dos seus versículos: "Os sete Espíritos aos pés do Senhor", os 7 anos que Jacó teve que servir a Labão quando pediu Raquel em casamento etc. Para os cabalistas, o sete é o número da perfeição.


Compreensão Divinatória

Num nível profundo, o carro nos diz que temos que manifestar de forma sábia nossos mais agressivos impulsos porque eles são parte de nossa natureza humana, de nossa sobrevivência. Eles não podem ser suprimidos, para que não se voltem contra nós mas podem ser transformados criativamente para nosso crescimento e sucesso. Ela recomenda:
- Conquistar a vitória, vencer, ter sucesso, dominar, ganhar a competição.
- Usar seus dons, estar determinado a vencer, focar sua intenção, aguentar as tentações, sustentar um esforço, concentrar as energias, fixar-se no gol.
- Centrar-se, estabelecer uma identidade, saber quem você é, sentir-se autoconfiante, ter fé em si mesmo, olhar pelos seus interesses.
- Obter controle total, dominar suas emoções, analisar suas emoções, manter disciplinas, guardar sua raiva, seguir seu caminho, assumir a rédeas do poder, mostrar autoridade.


Complementação na Leitura Divinatória

- Força: controle calmo
- Enforcado: aceitando os desígnios do universo, colocar outros em primeiro lugar
- Torre: experiência humilhante
- Mago: usando seus poderes, concentração
- Oito de Espadas: confusão, indecisão
- Dez de Espadas: poderoso, colocando outros em primeiro lugar
- Dois de Paus: dominando, sendo autoritário
- Quatro de Ouros: controle
- Nove de Ouros: Disciplina, auto-controle