sexta-feira, 15 de agosto de 2008

VII – O Carro, a Carruagem, The Chariot.


Bring me my bow of burning gold! Bring me my arrows of desire! Bring me my spear! O clouds, unfold! Bring me my chariot of fire!

William Blake

Abordagem Visual

Particularmente vejo nesta carta um yogue de armadura áurea, com um caranguejo sob sua cabeça (signo Câncer), sentado em posição de meio lótus (meditando? estaria sintonizando entre os objetivos interiores, exteriores e cósmicos, direcionando estes a uma orientação comum), segurando um disco em movimento, multicolorido, ladeado por quatro colunas âmbar, tendo em cada lado duas grandes rodas vermelhas (força de vontade presente com intenção de ação ou prontidão) e á sua frente quatro animais ‘esfíngicos’ acinzentados (com partes do corpo trocadas quatro vezes entre si - subdivisão dos quatro elementos em 16 subelementos, ou os 16 tipos de personalidade?). Como curiosidade, os quatro animais da imagem são um mix de muitos que aqui acrescentam mais simbolismos: águias puxam o carro de Zeus, pavões o de Juno, cavalos o de Apolo, unicórnios o de Atena, bodes o de Dionísio, cisnes/pombas o de Afrodite, cegonhas o de Hermes, cervos o de Ártemis...e assim por diante.

No chão, o caminho é pavimentado com pedras que lembram ouro, e toda a imagem está inserida dentro de infinitos círculos azulados, como um túnel do tempo...direto para o presente. Não há movimento, mas há uma força intrínseca que, como uma panela de pressão, a qualquer instante vai explodir e disparar este cavaleiro zen para algum lugar. No toldo azul a inscrição abracadabra, que deriva do celta abra ou abar (deus) e cad (santo), utilizada como talismã, significando ‘ não me firas’. Outros autores dizem que procede do hebreu abreg ad habra, traduzido como ‘ arremessa teu raio até a morte’ . Ambas estão certas aqui.


Mitologia e Tipologia

O carro é muitas vezes associado ao Sol (Apolo, o Deus Sol romano, dirigia uma carruagem dourada; Elias, dos Cristãos, foi levado aos céus por uma carruagem incandescente de fogo) e outro simbolismo é o do ego, pois o mesmo só existe em função do conjunto das peças que o formam; por isso, quando essas peças são consideradas separadamente, o carro deixa de existir; ele, então, como o ego, é apenas uma designação convencional. Quando aplicada ao ser humano, vem através da definição de Platão a seguinte imagem: “ o carro representa a natureza física do homem, seus apetites, seu duplo instinto de conservação ou de destruição, suas paixões inferiores, seus poderes de ordem material sobre aquilo que é material. “

O condutor pode ser a mente consciente sendo levada ou puxada, ou estando em parceria com o subconsciente. Como condutor poderemos associar então as figuras de Osíris triunfal sobre sua Esfinge, Alexandre e seus Grifos alados, Faetonte indo longe demais, com muita pressa... Mas de fato não importa qual o arquétipo em função, e sim que este carro é um veículo de poder e de conquista, onde o Louco inicia sua jornada de liberdade após escolher nos Amantes qual o melhor (?) caminho. A jornada inicia agora, onde sozinhos, numa terra desconhecida, poderemos descobrir quem realmente somos, ou ainda sermos destruídos por esta experiência, dependendo da velocidade e dos caminhos tortuosos escolhidos. Este veículo não tem rédeas, e parece que o movimento é através do poder de concentração e foco (modo de unificar forças internas opostas) do cavaleiro zen. Isso é que conduz os quatro animais (as funções humanas) que olham em direções distintas. Se o cavaleiro dominar estas oposições, exercendo seu domínio pessoal, sem fatalidade, escolhendo e assumindo os riscos, ele chegará são e salvo no futuro. Ou seja, é uma viagem que demanda coragem e equilíbrio, sendo estas duas forças vitais para ordenar as funções, permitindo também que o carro não breque abruptamente.

E o significado deste movimento? Os vedas falam da imagem do carro como ‘ o veículo de uma alma em experiência’. Assim, alguns de nós embarcam na viagem em uma busca séria de significado, enquanto outros vagueiam numa caminhada sem fim, apenas para escapar ao vazio de suas vidas. Independente, se for o ego que nos conduzir inicialmente, tudo poderá dar certo, pois os solavancos do caminho irão fazer com que corrijamos o rumo.

Acho a interpretação de Liz Greene muito interessante para esta lâmina, pois ela referencia o jovem retratado com Mares/Arte, o deus da guerra, o deus sem o arquétipo masculino como referência, pois nascido apenas de Hera. Agindo sempre com imprudência, força bruta e falta de polidez, como o perfeito oposto-complementar masculino de sua irmã Athena, ponderada e analítica. Mesmo com este instinto agressivo, lembremo-nos que estes são aqui conduzidos de forma consciente e devem ser trabalhadas com força, sem repressão. Esta ebulição somos nós, não há como refrear estes impulsos durante toda uma vida, mas temos que saber como e de que forma apaziguar esta hybris para realizar este intuito.

Cabala: Cheth j - Cerca

Astrologia: Câncer - Seguir o seu próprio caminho.

Número 7: Este é um número de grande ‘ ocorrência’: Há 7 dias da semana, 7 notas musicais, 7 cores no arco-íris, 7 sistemas cristalinos, 7 maravilhas do mundo antigo, 7 planetas da Astrologia exotérica, 7 pecados capitais, os 7 dias da Criação etc. A tradição cristã cita o 7 em muitos dos seus versículos: "Os sete Espíritos aos pés do Senhor", os 7 anos que Jacó teve que servir a Labão quando pediu Raquel em casamento etc. Para os cabalistas, o sete é o número da perfeição.


Compreensão Divinatória

Num nível profundo, o carro nos diz que temos que manifestar de forma sábia nossos mais agressivos impulsos porque eles são parte de nossa natureza humana, de nossa sobrevivência. Eles não podem ser suprimidos, para que não se voltem contra nós mas podem ser transformados criativamente para nosso crescimento e sucesso. Ela recomenda:
- Conquistar a vitória, vencer, ter sucesso, dominar, ganhar a competição.
- Usar seus dons, estar determinado a vencer, focar sua intenção, aguentar as tentações, sustentar um esforço, concentrar as energias, fixar-se no gol.
- Centrar-se, estabelecer uma identidade, saber quem você é, sentir-se autoconfiante, ter fé em si mesmo, olhar pelos seus interesses.
- Obter controle total, dominar suas emoções, analisar suas emoções, manter disciplinas, guardar sua raiva, seguir seu caminho, assumir a rédeas do poder, mostrar autoridade.


Complementação na Leitura Divinatória

- Força: controle calmo
- Enforcado: aceitando os desígnios do universo, colocar outros em primeiro lugar
- Torre: experiência humilhante
- Mago: usando seus poderes, concentração
- Oito de Espadas: confusão, indecisão
- Dez de Espadas: poderoso, colocando outros em primeiro lugar
- Dois de Paus: dominando, sendo autoritário
- Quatro de Ouros: controle
- Nove de Ouros: Disciplina, auto-controle

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