sexta-feira, 3 de outubro de 2008

XIV – A Temperança, o Equilíbrio, a Arte.


Abordagem Visual

Uma figura feminina vestida de verde, com duas cabeças (homem e mulher?), realizando o que seria uma mistura alquímica (água e fogo) em um caldeirão dourado. Sob a cabeça dela pendem duas luas crescentes, em seu peito há muitos seios e a parte superior de seu corpo está inserida em uma elipse na qual lemos "Visita interiora terrae rectificandoinvenies occultum lapidem"(Visita o interior da terra e, retificando, encontrarás a pedra oculta ). Ao lado dele um leão branco e uma águia vermelha. Que parecem estar a vontade, mesmo estando sob um piso onde sobem labaredas de fogo.


Mitologia e Tipologia


O que está muito claro nesta lâmina é a união dos opostos, de forma interna e externa. Se a dividirmos ao meio, de cada lado veremos símbolos complementares. E o gesto da figura alude claramente á destilação, purificação, ou em última análise, á Alquimia. No baralho de Marselha isso está óbvio, pois lá ela passa de um recipiente para outro um líquido ondulante que inalterado, não perde uma gota sequer. Para os gregos, este gesto – o de derramar o que há num vaso em outro – é tomado como sínônimo de metempsicose. Segundo Chevalier, é interessante notar que a origem desta lâmina está na Força e seu complemento é a Justiça, o seja, esta é a quarta virtude cardeal e, estando entre a Morte e o Diabo, ela nos avisa da grande lei da eterna circulação dos fluidos vitais e a necessidade de mantermos o equilíbrio interior entre os dois pólos de nosso ser.

A própria origem da palavra Temperança nos fala muito: temperantia, em latim significa moderado, sem excessos, clean.

Gosto muito da analogia desta carta com Diana Sagitária (Ártemis), filha de Zeus e irmã de Apolo. Ela era detentora da sabedoria instintiva, que, ao não seguir um plano lógico, relaciona-se com os ciclos da Natureza, onde nascer, crescer, reproduzir-se e morrer se alternam, expressando a renovação de todas as coisas. Como arquétipo da Virgem (pedido feito a seu pai aos 3 anos de idade), ela não tomou a maternidade como condição precípua da feminilidade, tornando-se então a figura andrógina que vemos na lâmina. A caçadora divina, como era chamada, persegue e mata os seres inconscientes de sua natureza instintiva e esquecidos da busca de si mesmos. Sempre bela, trajando saias curtas (liberdade de movimentos), levando seu arco e flechas sempre certeiros (sagitária, atingindo o alvo, que é o conhecimento)porta a tocha acesa em uma de suas mãos e a Lua Crescente em sua cabeça, representando desta forma, a Consciência do Feminino. O arquétipo de Ártemis, se levado ao exptremo negativo, no nível psicológico pode ocasionar comportamentos rígidos, preconceitos, dificultando assim a transmutação necessária ao processo de individuação.

Já Greene a vincula a Íris, que segundo Hesíodo em sua Teogonia, a apresentava como filha de Taumante e Electra. Mensageira dos deuses, e correspondente feminina de Hermes, simboliza o arco-íris, que nada mais é do que a ligação entre o céu e a terra, entre os deuses e os homens. E é interessante esta corrrespondência no baralho mitológico, pois o seu oposto complementar é a Justiça, no caso, Athená. Sentimento versus pensamento ou ainda, uma serve ao pai e outra á mãe internos de cada um, ou seja, a Temperança é o equilíbrio de cada uma destas forças, a catalisadora.


Cabala: Samekh - Suporte, fundamento.

Astrologia: Sagitário - Força que impele na direção do Supremo.


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