quinta-feira, 11 de setembro de 2008

O Destino e suas Moiras

"O livre-arbítrio é a capacidade de fazer com alegria aquilo que eu devo fazer."

C. G. Jung

Abrirei espaço para um post mais intimista, dada a importância e relevância do assunto face ao objetivo deste blog. Segundo Jung, a sincronicidade é a coincidência, no tempo, de dois ou vários eventos, sem relação causal mas com o mesmo conteúdo significativo. Ele diz que “a ligação entre os acontecimentos, em determinadas circunstâncias, pode ser de natureza diferente da ligação causal e exige um outro princípio de explicação”.

Ao reler a postagem sobre a Fortuna percebi que havia esquecido de comentar sobre o mito que Liz Greene convidara para fazer parte, no caso, as Moiras. Assim, enquanto refletia e pesquisava para anexar ao mesmo os detalhes mitológicos da Ruotta della Fortuna através de outras fontes, recebi de um querido amigo que aqui chamarei de Mr.Sincrônico (visto que sempre, de um jeito ou outro, entra em contato justamente me presenteando com aquilo que minha´lma está demandando no momento), o livro da Liz Greene ‘ A ASTROLOGIA DO DESTINO’. Qual não foi minha surpresa quando na primeira parte encontro um capítulo nteiro dedicado ás irmãs tecelãs do Destino. Assim, recomendo a leitura do mesmo e para ilustrar transcrevo três parágrafos que achei interessantes e condizentes com o que eu queria comentar sobre a lâmina de número dez. Vejamos:

Filhas de Nyx, a deusa da Noite, ou de Erda, a Mãe Terra, elas são chamadas Moiras ou Erínias ou Nornas ou Hécate de três faces, assim como são três em forma e aspecto as três fases lunares. A promissora fase crescente, a fértil cheia e a sinistra fase minguante da Lua representam, na imagem mítica, os três aspectos da mulher: a solteira, a esposa fértil e a anciã estéril. Cloto tece o fio, Láquesis medem e Átropos corta-o, e os próprios deuses estão limitados por essas três, por terem sido originados da incipiente Mãe Noite, antes que Zeus e Apolo trouxessem dos céus a revelação do eterno e incorruptível espírito humano. A roda (do universo) gira sobre os joelhos da Necessidade e, na parte superior de cada circulo, se encontra uma sereia, que gira com eles, entoando uma só nota ou tom. As oito juntas formam um todo harmônico e, em volta, em intervalos iguais,há um outro grupo de três sereias, cada qual sentada no seu trono: do as Parcas, filhas da Necessidade, que vestem túnicas brancas e usam uma coroa na cabeça.

Antes que a filosofia surgisse, os gregos tinham uma teoria ou opinião a respeito do universo, que pode ser chamada de religiosa ou ética. De acordo com essa teoria, cada pessoa e cada coisa possuía seu lugar ou função designados. Isso não depende da sanção de Zeus, pois ele próprio está sujeito ao mesmo tipo de lei que governa os outros... Os temas da lei natural e da transgressão dos limite; impostos pelo destino poderiam encher, e realmente enchem, volumes de drama, poesia e ficção, sem falar da filosofia. Parece que nós, criaturas humanas curiosas, sempre estivemos preocupados com a difícil questão de saber qual o nosso papel no cosmo: somos predestinados, ou somos livres? Ou estamos fadados a procurar por nossa liberdade, apenas para fracassar? Será melhor, como fizeram Édipo e Prometeu, lutar até os limites extremos de que se é capaz, mesmo que isso provoque um fim trágico, ou será mais sensato viver moderadamente, portar-se com humildade diante dos deuses e morrer com tranqüilidade em seu próprio leito, sem jamais ter provado a glória ou o terror dessa imperdoável transgressão?

Estamos tratando aqui de uma espécie muito particular de destino, que na realidade não diz respeito à predestinação, no sentido comum. Esse destino, que os gregos chamavam Moira, é o "servo da justiça": o que contrabalança ou pune os desvios com relação às leis do desenvolvimento natural. Esse destino pune o transgressor dos limites fixados pela Necessidade. Os deuses têm suas províncias por concessão impessoal de Láquesis ou Moira. O mundo, de fato, era desde os primeiros tempos considerado como o reino do Destino e da Lei. Necessidade e Justiça — "necessidade" e "dever" — encontram-se juntas nesta noção primária de Ordem - uma noção que para a representação religiosa grega é elementar e enigmática.

Um comentário:

Anônimo disse...

Um adendo brincalhão:

Você já assistiu Hércules, da Disney?? As Móiras ou Pacas estão fantásticas. Três anciãs com um olho só! A concepção deles estrapolou, além de engraçadas, ficaram ótimas, num sentido: "Nós sabemos tudo!".

Velhas mantenedoras do destino dos homens, e como a Fortuna do Tarot, a roda de todas as possibilidades do Universo e do futuro!

Abraços!

Adash