domingo, 20 de julho de 2008

VI – Os Amantes, A Escolha

"Love to faults is always blind,
always is to joys inclind,
lawless wingd & unconfind,
and breaks all chains from every mind."
William Blake.




Abordagem Visual

Uma carta onde predominam os tons suaves de rosa, amarelo e vermelho claro, no qual a maioria das figuras está em duplicidade, com seu oposto. Um rei de pele escura casando (?) com sua consorte loira. Ele veste um manto amarelo com serpentes bordadas, contrastando com o manto vermelho de abelhas bordadas dela. Acima de ambos uma figura de cor violeta (cor do segredo), encoberta,com as mãos estendidas de uma maneira protetora, como se abençoando o casal, manifestando o símbolo do infinito (ou anel de Moebius) e acima dele Eros apontando sua flecha á mulher. Acima deste ser em cada lado, duas estátuas distintas - Lilith e Eva (?) – com espadas sob sua cabeças. A mulher principal segura o que pode ser um Graal (com um símbolo do espírito santo impresso) tedo a sua frente uma criança escura carregando um porrete, ladeado por uma águia branca. Ele segura uma lança e tem á sua frente uma criança branca que leva um maço de flores brancas e tem a seu lado um leão vermelho. No meio de ambos o ovo órfico com a serpente enroscada, que repousa sobre o emblema de Hórus.

Mitologia e Tipologia

Contrariando ao tarô de Marselha, que tem Eros como foco quase principal na lâmina, Harris desenvolve nesta que as escolhas devem ser tomadas tendo como ponto de partida a análise racional dos fatos – o céu da carta é feito de espadas e está acima de Eros. Muito embora a maior figura da carta (lembra o Ermitão, ou Mercúrio) esteja deixando claro, ao abençoar ao casal com as forças misteriosas da criação, que a razão última das coisas está numa esfera inatingível intelectualmente... A escolha deve ser racional, mas seus resultados, sabemos muitas vezes, dependem de fatores que fogem a nosso controle...

Esta sempre é uma carta de escolhas, atitudes a serem tomadas de acordo com as forças polarizadas que todos temos dentro de nós: o animus e a anima. Também o consciente e o inconsciente. Somos tanto o rei negro com coroa de ouro e leão vermelho - energia masculina consciente, como a rainha branca com coroa de prata e águia branca - energia feminina consciente. Ele possui a lança de aspeto fálico enquanto ela tem no cálice o ventre sagrado. Em outro nível de evolução estamos para a criança negra com clava na mão (violência) – que representa a masculinidade intrínseca e inconsciente assim como para a criança branca com ramalhete de rosas na mão (paz) - que representa a feminilidade intrínseca e inconsciente.

Pessoalmente prefiro Os Enamorados da lâmina de Marselha, por seu aspecto mais voltado á questão da individuação descrita por Jung. Naquela, o homem deve optar e libertar-se da atração regressiva do ventre que procura encarcerá-lo, seja ele qual for (arquétipo da grande mãe ou da virgem)e ingressar na virilidade. Só através desta auto-liberação (pois pelo autoconhecimento) é que o ego se converterá no herói. Nesta carta, seja qual for a decisão que ele tomar e aonde quer que vá, terá de fazer companhia a si próprio, interessando menos o caminho que ele escolher do que o lugar em si mesmo que faz a escolha.

Para Liz Greene aqui teremos o mito do famoso julgamento de Páris, onde ele sem a menor maturidade ainda escolhe Afrodite (deusa do amor) por seus lascivos encantos, em detrimento a Hera (rainha das deusas) e Atena (deusa da Justiça) no concurso de miss universo promovido pelo Olimpo. È o problema da escolha do amor, que aqui são valores, ou seja, livre-arbítrio versus compulsão instintiva. O recado é claro: quem deve optar é nossa razão, não nosso instinto, por mais encantador (e relaxante) que seja deixar-se levar...

Cabala: Zain z Espada

Astrologia: Gêmeos - Opostos e intercâmbio

Número 6: Pitágora o chamava de número perfeito, pois suas partes 1, 2 e 3 somadas dão ele mesmo. Na tradição bíblica, Deus fez o mundo em 6 dias e descansou no sétimo. A estrela de seis pontas, emblema do judaísmo, resume a lâmina de Crowley: dois triângulos, um com ápice para baixo e outro para cima – o superior é triângulo de fogo e o inferior é triângulo de água. Ou seja, o espírito masculino racional sendo tocado pelo feminino emocional. Aponta tanto para o céu, como para o inferno. E se houver tensão, ambos se anulam, como a água apaga o fogo...

Compreensão Divinatória

Quando esta carta se mostra, denota que há um conflito no qual a dúvida pode ser a grande vilã do problema apresentado, alertando que é momento de optar por dois ou mais caminhos, o que implica na renúncia de algo ou de alguém. Para tomar esta decisão, é urgente uma tomada de consciência, na qual se arca com as responsabilidades das decisões... Ela recomenda:

- relacionar-se com outros, estabelecer laços, sentir amor, formalizer uma união ou casamento, ficar mais próximo, fazer uma conexão e ficar íntimo.

- agir sexualmente, buscar uma união, fazer amor, abrir-se ao aoutro, responder com paixão, sentir uma atração física,

- estabelecer seus valores pessoais, questionar opiniões recebidas, seguir sua própria verdade, seguir sua própria filosofia, pensar com sua cabeça.

- determinar seus valores, abster-se de tentações externas, escolher entre o certo e o errado, conforntar-se com uma escolha moral ou ética, encontrar o que você quer cuidar.

Complementação na Leitura Divinatória

Hierofante – estabelecendo verdades

Eremita – ficar só, abster-se sexualment

Cinco de Copas – perdas em relacionamentos

Três de Espadas – rejeição, separação

Imperador – sexual preenchimento, prazer

Dois de Copas – união, casamento, conexão

Dez de Copas – relações familiares, laços

Dez de Ouros – uniões permanentes, laços familiares

Curiosidade: As Escolhas no Tarot

Segundo a taróloga Valéria Fernandes, o tarot possui várias lâminas que orientam a uma escolha no plano concreto de nossas vidas. Para ela, o Sete de Ouros traz um tipo de decisão bem peculiar. Quando este arcano aparece no jogo, o indivíduo tem que escolher entre continuar a seguir o mesmo tipo de comportamento e linha de raciocínio que vinha percorrendo ou se desvencilhar do que acredita, segue ou pratica, para optar por algo diferente ou mesmo novo. Normalmente este tipo de opção acontece quando o caminho que está sendo seguido não tem rendido os frutos desejados e o redirecionamento de suas ações pode vir a ser a solução mais adequada. Vale ressaltar que, quando o envolvimento com os desejos são demasiados intrínsecos, a avaliação do que está sendo feito pode ficar esquecida e é preciso fazê-la para dar o passo seguinte. Já o Oito de Espadas traz um tipo de decisão nada agradável. Este arcano menor indica que o indivíduo tem que fazer uma escolha, mas seja qual for, terá um resultado desagradável. Quando o Oito de Espadas aparece no jogo, o indivíduo está quase que impossibilitado de agir e fica temeroso com as conseqüências de seus atos. Mesmo sem grandes possibilidades, um caminho deve ser escolhido, ou o medo tomará de conta do corpo e da mente. As dificuldades que este arcano apresenta, tanto podem aparecer no nível concreto, real, como puramente no âmbito psicológico, causando o aprisionamento da psique. E ainda, o Rei de Copas peca por não conseguir escolher no momento necessário. Quando este arcano aparece no jogo, mostra que o indivíduo teme por fazer uma escolha, de tal forma que se nega a fazê-la. Este arcano menor apresenta a falta de ação, mostrando muitas vezes uma atitude covarde e omissa, que é a de se manter neutro para não arcar com as responsabilidades de suas escolhas. Em termo popular, o Rei de Copas pode ser definido como “quem prefere ficar em cima do muro e não tomar partido”.

domingo, 13 de julho de 2008

V - O Hierofante, Papa

“God is not only true, but Truth itself”
Pope Leo XIII




Abordagem Visual

Uma carta com a cor marrom como plano principal e o Hierofante ou Papa (arquétipo do Velho) que lembra muito a famosa representação de Homero com uma barbicha meio mesopotâmica - vestido de laranja num açafrão quase místico, inserido em um grande hexagrama, ladeado por animais – elefante e touro mais quatro máscaras que aqui assumem a questão das crenças enrijecidas ou rituais antigos. Atrás de sua cabeça, no que parece ser um vitral de uma imagem de rosa com cinco pétalas, circula uma serpente e uma pomba, aqui como símbolo do espírito santo. Em seu peito há um pentagrama com uma criança inserida e abaixo uma sacerdotisa egípcia que carrega uma meia-lua e uma espada de onde sai a luz que ilumina a figura central. Em uma das mãos ele segura uma espécie de chave com três círculos, e na outra faz o sinal com dois dedos que tanto pode ser a benção como a excomunhão.

Mitologia e Tipologia

Obviamente Crowley deu uma conotação mais focada na mitologia egípcia a este arcano, com elementos de Ísis, Era de Hórus e etc., mas eu prefiro detalhar os símbolos sob um ponto de vista mais amplo.

O trono de nosso papa é um grande touro, que evoca então a idéia de irresistível força e arrebatamento como foi com o Minotauro, Rudra e Enlil. Para os gregos simbolizava o desencadeamento sem freios da força indomada, visto que eram consagrados ao temível Poseidon. Símbolo do espírito macho e combativo, das forças elementares do sangue aqui ele está mais de acordo com a tradição turco-tártara, pois para eles, sendo o touro a encarnação das força tectônicas era ele quem sustentava o peso da terra sobre suas costas e/ou chifres. O elefante da lâmina pode ser Ganesha, visto ser ele o deus hindu da ciência e e das letras, ou símbolo do conhecimento e também aqui pode ser visto como o animal suporte do mundo e é visto não como peso bruto, mas como detentor de estabilidade e imutabilidade, o começo e o fim, conforme a tradição iogue.

O pentagrama central pode aludir ao número da carta, ou ainda, servir de signo de reconhecimento: na tradição pitagórica este sinal era a chave da Alta Ciência: aquela que abria a via do segredo. Faz sentido aqui, tratando-se de um líder espiritual: Papa ou Pontífice, do latim pontifex, significa ponte, aquele que liga o homem ao divino. Este símbolo exprime um poder, feito da síntese de forças complementares. O que nos leva então para o simbolismo do hexagrama, onde inserem-se a maior parte das imagens da carta: sendo uma das representaçõae simbólicas mais universais, representa a síntese das forças involutivas e evolutivas, e ainda, segundo Jung, ‘ essa união dos contrários simboliza a união dos mundos pessoale temporal do Eu com o mundo não-pessoal e intemporal do Não-Eu’ .

A mão esquerda revela os dois dedos estendidos, indicando que os problemas morais que envolvem os opostos do bem e do mal estão sob o seu domínio, para serem reconhecidos e manipulados. Ele é um iniciado já, que pode nos iniciar...ou negar a iluminação – (a palavra hierophant ou hier-phaine significa revelar). O polegar e os dois dedos restantes escondidos dizem que a Trindade é um mistério sagrado, que não passa pelo racional, mas pelo emocional. E aqui então foi muito sábia a inserção do elemento feminino por Frieda, para nos lembrar que a elaboração deste mistério é possível desde que a mente masculina, racional e analítica do do homem seja suficientemente iluminada pelo elemento feminino.

Finalmente, este Papa é a personificação exteriorizada da luta do homem pela conexão com a divindade – da sua dedicação á busca de significado, que é o que o coloca acima dos outros animais.

Para Liz Greene o arcano é representado como Quíron, o centauro famoso pelo seu discernimento e pela amplitude de seus conhecimentos, filho de Cronos e de Fílira. Imortal e benevolente com os homens ele aqui não representa nenhum sistema religioso ortodoxo, como o Papa católico, sendo que a lei que ele nos transmite não é coletiva nem dogmática e sim, individual, que inicia quando o homem entra em contato com seu interior.

Cabala: Vau v Prego

Astrologia: Touro

Cabala: Tzaddi x Anzol

Número 5: Os elementos são cinco: fogo, terra, água, ar e água. Representa a quintessência, o microcosmo, a busca pelo supremo e também o número do pecado.

Compreensão Divinatória

Quando o Hierophante aparece geralmente é na forma de um professor ou mentor, que instrui a pessoa nos caminhos de suas crenças particulares e esperanças. Ele pede que você faça uma conexão com o seu eu divino, para fortalecer sua mente e espírito. E recomenda uma maior dedicação aos textos filosóficos ou religiosos que você se interessa. Quando o estudante está pronto o meste aparece...

- voltar a estudar, obter conhecimento, aprofundar-se no conhecimento já obtido.

- ter um sistema de crenças, aprender sobre as várias estruturas religiosas, seguir uma disciplina, saber onde colocar a sua fé.

- seguir as regras, conformar-se, buscar uma aproximação ortodoxa, adaptar-se ao sistema, fazer pate do Establishment.

- identificar-se com um grupo, devotar energia a um grupo, ser leal aos demais, vestir uma identidade corporativa.

Complementação na Leitura Divinatória

Louco – ser "crazy" e nada ortodoxo

Lovers – crenças pessoais

Dois de Paus– ser um pioneiro, destacar-se na multidão

Sete de Espadas – tornar-se um lobo solitário

Dois de Ouros - ser flexível, mudar com os tempos

Três de Copas e Três de Ouros – trabalhando e focando num grupo

Oito de Ouros – estudando, aprendendo

Dez de Ouros e Imperador – conformar-se e seguir a regras