domingo, 13 de julho de 2008

V - O Hierofante, Papa

“God is not only true, but Truth itself”
Pope Leo XIII




Abordagem Visual

Uma carta com a cor marrom como plano principal e o Hierofante ou Papa (arquétipo do Velho) que lembra muito a famosa representação de Homero com uma barbicha meio mesopotâmica - vestido de laranja num açafrão quase místico, inserido em um grande hexagrama, ladeado por animais – elefante e touro mais quatro máscaras que aqui assumem a questão das crenças enrijecidas ou rituais antigos. Atrás de sua cabeça, no que parece ser um vitral de uma imagem de rosa com cinco pétalas, circula uma serpente e uma pomba, aqui como símbolo do espírito santo. Em seu peito há um pentagrama com uma criança inserida e abaixo uma sacerdotisa egípcia que carrega uma meia-lua e uma espada de onde sai a luz que ilumina a figura central. Em uma das mãos ele segura uma espécie de chave com três círculos, e na outra faz o sinal com dois dedos que tanto pode ser a benção como a excomunhão.

Mitologia e Tipologia

Obviamente Crowley deu uma conotação mais focada na mitologia egípcia a este arcano, com elementos de Ísis, Era de Hórus e etc., mas eu prefiro detalhar os símbolos sob um ponto de vista mais amplo.

O trono de nosso papa é um grande touro, que evoca então a idéia de irresistível força e arrebatamento como foi com o Minotauro, Rudra e Enlil. Para os gregos simbolizava o desencadeamento sem freios da força indomada, visto que eram consagrados ao temível Poseidon. Símbolo do espírito macho e combativo, das forças elementares do sangue aqui ele está mais de acordo com a tradição turco-tártara, pois para eles, sendo o touro a encarnação das força tectônicas era ele quem sustentava o peso da terra sobre suas costas e/ou chifres. O elefante da lâmina pode ser Ganesha, visto ser ele o deus hindu da ciência e e das letras, ou símbolo do conhecimento e também aqui pode ser visto como o animal suporte do mundo e é visto não como peso bruto, mas como detentor de estabilidade e imutabilidade, o começo e o fim, conforme a tradição iogue.

O pentagrama central pode aludir ao número da carta, ou ainda, servir de signo de reconhecimento: na tradição pitagórica este sinal era a chave da Alta Ciência: aquela que abria a via do segredo. Faz sentido aqui, tratando-se de um líder espiritual: Papa ou Pontífice, do latim pontifex, significa ponte, aquele que liga o homem ao divino. Este símbolo exprime um poder, feito da síntese de forças complementares. O que nos leva então para o simbolismo do hexagrama, onde inserem-se a maior parte das imagens da carta: sendo uma das representaçõae simbólicas mais universais, representa a síntese das forças involutivas e evolutivas, e ainda, segundo Jung, ‘ essa união dos contrários simboliza a união dos mundos pessoale temporal do Eu com o mundo não-pessoal e intemporal do Não-Eu’ .

A mão esquerda revela os dois dedos estendidos, indicando que os problemas morais que envolvem os opostos do bem e do mal estão sob o seu domínio, para serem reconhecidos e manipulados. Ele é um iniciado já, que pode nos iniciar...ou negar a iluminação – (a palavra hierophant ou hier-phaine significa revelar). O polegar e os dois dedos restantes escondidos dizem que a Trindade é um mistério sagrado, que não passa pelo racional, mas pelo emocional. E aqui então foi muito sábia a inserção do elemento feminino por Frieda, para nos lembrar que a elaboração deste mistério é possível desde que a mente masculina, racional e analítica do do homem seja suficientemente iluminada pelo elemento feminino.

Finalmente, este Papa é a personificação exteriorizada da luta do homem pela conexão com a divindade – da sua dedicação á busca de significado, que é o que o coloca acima dos outros animais.

Para Liz Greene o arcano é representado como Quíron, o centauro famoso pelo seu discernimento e pela amplitude de seus conhecimentos, filho de Cronos e de Fílira. Imortal e benevolente com os homens ele aqui não representa nenhum sistema religioso ortodoxo, como o Papa católico, sendo que a lei que ele nos transmite não é coletiva nem dogmática e sim, individual, que inicia quando o homem entra em contato com seu interior.

Cabala: Vau v Prego

Astrologia: Touro

Cabala: Tzaddi x Anzol

Número 5: Os elementos são cinco: fogo, terra, água, ar e água. Representa a quintessência, o microcosmo, a busca pelo supremo e também o número do pecado.

Compreensão Divinatória

Quando o Hierophante aparece geralmente é na forma de um professor ou mentor, que instrui a pessoa nos caminhos de suas crenças particulares e esperanças. Ele pede que você faça uma conexão com o seu eu divino, para fortalecer sua mente e espírito. E recomenda uma maior dedicação aos textos filosóficos ou religiosos que você se interessa. Quando o estudante está pronto o meste aparece...

- voltar a estudar, obter conhecimento, aprofundar-se no conhecimento já obtido.

- ter um sistema de crenças, aprender sobre as várias estruturas religiosas, seguir uma disciplina, saber onde colocar a sua fé.

- seguir as regras, conformar-se, buscar uma aproximação ortodoxa, adaptar-se ao sistema, fazer pate do Establishment.

- identificar-se com um grupo, devotar energia a um grupo, ser leal aos demais, vestir uma identidade corporativa.

Complementação na Leitura Divinatória

Louco – ser "crazy" e nada ortodoxo

Lovers – crenças pessoais

Dois de Paus– ser um pioneiro, destacar-se na multidão

Sete de Espadas – tornar-se um lobo solitário

Dois de Ouros - ser flexível, mudar com os tempos

Três de Copas e Três de Ouros – trabalhando e focando num grupo

Oito de Ouros – estudando, aprendendo

Dez de Ouros e Imperador – conformar-se e seguir a regras


Um comentário:

AugustoCrowley disse...

Primeira vez no seu blog e de cara leio um post muito ligado aquilo que vivemos buscando: sabedoria.
E entao esta o arcano do papa,de maneira muito bem abordada por você, sendo que no meu ver não o que complementar. Só uma sugestão que tudo tem os dois lados da moeda: então o que seria pra você esse arcano de luz e busca da verdade, no lado negado ou negativo como muitos costumam dizer.Beijos e parabéns!